A saída de José Múcio do Ministério da Defesa — a ser anunciada nas próximas semanas — é lamentada pelas Forças Armadas por dois motivos.
O primeiro é a relação criada por Múcio, conhecido por seu tom conciliador e pela habilidade de aproximar pessoas, com os comandantes das forças. Sem projeto político nem ambições eleitorais, o ministro se dedicou a aparar arestas e eliminar a desconfiança na relação dos militares com o atual governo. Sua saída enfraquece esse front, na visão de fontes ouvidas por Robson Bonin, da coluna Radar.
O segundo motivo é de ordem prática. No terceiro ano de governo, o trabalho dos comandantes com o ministro da Defesa já estava azeitado. Com a saída de Múcio, as forças perderão valioso tempo e energia para conseguir posicionar o novo ministro a ser escolhido por Lula sobre os projetos em andamento na caserna, as necessidades mais urgentes da área militar e a própria dinâmica de funcionamento da pasta. “Com dois anos de governo, vamos ter que explicar tudo de novo para o próximo ministro”, lamenta um militar.