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sexta-feira 10 de janeiro de 2025 às 11:50h

Nicolás Maduro toma posse pela terceira vez na Presidência da Venezuela

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O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, tomou posse para o seu terceiro mandato consecutivo no país na manhã desta sexta-feira, apesar de evidências confiáveis de que seu oponente venceu as últimas eleições e em meio a protestos contra seu plano de permanecer mais seis anos no poder. O evento da posse do líder chavista foi organizado pela Assembleia Nacional, também controlada pelo partido governista, no Palácio Federal Legislativo, em Caracas.

Foto: Reuters/Maxwell Briceno

A posse de Maduro ocorre apenas horas após centenas de manifestantes contrários ao governo tomarem as ruas da capital – e de assessores da líder da oposição, María Corina Machado, denunciarem que ela foi brevemente detida por forças de segurança enquanto participava do protesto. Após meses sem aparições públicas, a popular ex-deputada, proibida pelo governo de se candidatar a cargos públicos, esteve nas ruas para exigir que o candidato da oposição, Edmundo González Urrutia, assuma a Presidência.

Líderes das Américas e da Europa condenaram o governo por reprimir as vozes da oposição e exigiram sua libertação. Ainda não está claro se algum chefe de Estado compareceu à cerimônia. O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, um aliado próximo de Maduro, declarou que não compareceria devido às detenções, no início da semana, de outro opositor venezuelano e de um defensor dos direitos humanos.

Foto: AFP

Também não se sabe se González Urrutia, exilado na Espanha desde setembro, cumprirá a promessa de retornar à Venezuela na sexta-feira. Autoridades governamentais ameaçaram repetidamente prender o candidato da oposição se ele voltar ao país.

Na última posse de Maduro, em 2019, estiveram presentes o presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, e o então presidente da Bolívia, Evo Morales. As eleições de 2018 também foram amplamente consideradas uma farsa, após o governo proibir a participação dos principais partidos da oposição.

Agora, centenas de agentes de segurança fortemente armados foram mobilizados ao redor do Legislativo e de outros poderes públicos no centro de Caracas. Ruas foram bloqueadas, há mais postos de controle policial e soldados em cada esquina, todos fortemente armados. As lojas estão abertas, mas o movimento é baixo.

A agitação antes da posse de Maduro soma-se a uma longa lista de acusações de fraude eleitoral e repressão brutal para silenciar dissidências. As autoridades eleitorais, leais ao partido governista, declararam Maduro como vencedor poucas horas após o fechamento das urnas em 28 de julho, mas, diferentemente de eleições presidenciais anteriores, não forneceram um detalhamento do resultado.

A oposição, por sua vez, reuniu atas de mais de 80% das máquinas de votação eletrônica, publicou-as na internet e afirmou que elas mostram que González obteve o dobro de votos de Maduro. A condenação global pela falta de transparência levou Maduro a solicitar ao tribunal supremo do país — também composto por aliados do Partido Socialista Unido de Venezuela — que auditasse os resultados.

O tribunal reafirmou a vitória de Maduro sem apresentar provas conclusivas e incentivou o conselho eleitoral a publicar a contagem dos votos. No entanto, nem o conselho nem o partido governista apresentaram evidências da vitória de Maduro.

O Carter Center, sediado nos Estados Unidos, que foi convidado por Caracas para participar como observador nas eleições, declarou que as atas publicadas pela oposição eram legítimas. Outros especialistas eleitorais, autorizados pelo governo a observar a votação, afirmaram que os registros publicados pelos opositores exibem todas as características de segurança originais.

A disputa pelos resultados gerou indignação internacional e protestos em todo o país. O governo respondeu com força total: prendeu mais de 2 mil manifestantes e incentivou os venezuelanos a denunciar qualquer pessoa suspeita de ser contra o partido governante. Mais de 20 pessoas morreram durante os tumultos, e muitos manifestantes relataram ter sido torturados durante a detenção.

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