Os incêndios que assolam Los Angeles, na Califórnia, chegam ao terceiro dia nesta sexta-feira (10), com focos ativos e condições climáticas que continuam a favorecer a propagação das chamas.
De acordo com a atualização mais recente das autoridades locais, divulgada durante a madrugada pela Folha de S. Paulo, o número de moradores que precisaram abandonar suas casas alcançou 180 mil, segundo informações da agência de notícias Reuters. Além disso, outros 200 mil residentes permanecem sob alerta de evacuação.
O total de mortes confirmadas subiu para 10, conforme anunciado nesta sexta-feira.
Desde o início, na última terça-feira (7), o conjunto de incêndios já é considerado o maior da história de Los Angeles, uma cidade onde ocorrências desse tipo são comuns nesta época do ano. A área consumida pelas chamas já soma 13,7 mil hectares, equivalente a mais de 9 mil campos de futebol.
Registros feitos na cidade desde o início da tragédia mostram cenas apocalípticas: uma densa manta de fumaça cobre o céu, iluminado pelas labaredas, enquanto centenas de imóveis foram destruídos, deixando feridos e desabrigados.
Na quinta-feira (9), dois grandes focos de incêndio consumiram quase 10 mil casas e outras estruturas, transformando bairros inteiros em cinzas.
O incêndio Eaton foi responsável pela destruição ou danos em algo entre 4.000 e 5.000 estruturas, enquanto o Palisades afetou outras 5.300.
As perdas econômicas já ultrapassam os US$ 135 bilhões, segundo estimativas da AccuWeather, uma empresa especializada em prevenção de desastres. Além disso, espera-se que a tragédia resulte em um aumento expressivo nos custos de seguros residenciais nos próximos meses.
Reconstrução “agressiva”
Na noite de quinta-feira, a prefeita de Los Angeles, Karen Bass, declarou: “Já estamos planejando reconstruir agressivamente a cidade de Los Angeles”.
Bass, no entanto, tem sido alvo de críticas do presidente eleito Donald Trump e de outros republicanos, que questionam sua gestão da crise, embora não tenham especificado quais seriam os pontos falhos.
Nos últimos dias de seu mandato, Joe Biden – que passará o cargo para Trump no próximo dia 20 – prometeu que sua administração cobrirá 100% dos custos de recuperação pelos próximos 180 dias. Isso incluirá despesas com a remoção de entulhos e materiais perigosos, construção de abrigos temporários e pagamento de salários aos socorristas.
“Eu disse ao governador e às autoridades locais para não pouparem despesas, para fazer o que for preciso e conter esses incêndios”, afirmou Biden após uma reunião com conselheiros na Casa Branca.
No total, cinco grandes incêndios florestais foram registrados em Los Angeles. Apesar disso, há sinais de diminuição na intensidade das chamas, já que os ventos perderam força em relação aos dois primeiros dias.
“Estamos vivos”
Em Pacific Palisades, alguns moradores arriscaram retornar a áreas devastadas pelo fogo, encontrando apenas restos de tijolos carbonizados e veículos consumidos pelas chamas.
“Estamos vivos. É isso que importa”, afirmou Bilal Tukhi, um segurança que comparou a cena à destruição de seu país natal, o Afeganistão, devastado pela guerra.
As aulas nas escolas de Los Angeles estão suspensas pelo segundo dia consecutivo devido à poluição do ar causada por fumaça, cinzas e partículas em suspensão.
Incêndio em Hollywood foi contido
Equipes de combate a incêndios conseguiram controlar completamente o incêndio Sunset, em Hollywood Hills, na noite de quarta-feira. As chamas haviam avançado até o topo do morro com vista para a Calçada da Fama, na famosa Hollywood Boulevard.
Os dois maiores incêndios — Palisades e Eaton — formaram uma espécie de pinça em torno da cidade, tão grande que sua dimensão pôde ser captada por imagens de satélite.
John Carr, de 65 anos, morador de Pacific Palisades, desafiou as ordens de evacuação para tentar salvar sua casa. Sua determinação deu resultado:
“A casa foi construída por minha mãe e meu pai em 1960, e eu vivi aqui a vida inteira. Há muitas memórias ligadas a ela. Acho que devia isso a eles, fazer o meu melhor para protegê-la”, explicou Carr.
Ele também relatou que não havia equipes de bombeiros disponíveis para ajudar a salvar as casas dos vizinhos.