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quinta-feira 9 de janeiro de 2025 às 18:58h

Líder opositora da Venezuela Maria Corina Machado aparece dizendo estar ‘bem e a salvo’ após relatos de prisão (vídeo)

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A líder opositora venezuelana María Corina Machado “está livre”, confirmaram ao GLOBO fontes diplomáticas em Caracas. Depois de confuso episódio após participar de um protesto em repúdio à terceira posse consecutiva de Nicolás Maduro, prevista para esta sexta-feira, a principal líder da oposição venezuelana apareceu num vídeo usando um casaco com capuz e afirmando que estava em liberdade.

Imagens prévias ao confuso episódio mostram motos perseguindo a líder opositora, que também era transportada para algum lugar desconhecido de moto. No mesmo vídeo, María Corina diz que “estou bem, estou segura, hoje é 9 de janeiro. Saíamos de uma concentração maravilhosa e minha bolsa caiu… já estou bem, a salvo. A Venezuela será livre”.

Num primeiro momento, o vídeo causou confusão. Especulações sobre a utilização de ferramentas de inteligência artificial circularam em Caracas, mas rapidamente fontes próximas à líder opositora confirmaram que as imagens eram verídicas.

Em uma publicação no X, a coalizão opositora disse que “María Corina Machado foi interceptada e derrubada da motocicleta que pilotava” ao deixar o comício em Chacao, na capital Caracas, na sua primeira aparição pública após 133 dias na clandestinidade. Segundo a coligação, “armas de fogo foram disparadas no incidente” e “ela foi levada à força”.

“Durante o período de seu sequestro, ela [María Corina] foi forçada a gravar vários vídeos e foi liberada mais tarde. Nas próximas horas, ela falará ao país para explicar os fatos”, disse a oposição.

A detenção de María Corina foi confirmada pela organização de direitos humanos Human Rights Watch mais cedo. Juan Pappier, subdiretor da ONG para as Américas, confirmou, mais tarde, que a opositora foi de fato libertada.

O governo, no entanto, negou que María Corina tenha sido presa. Questionado sobre o incidente, o número 2 do chavismo, Diosdado Cabello, o episódio foi “uma mentira”.

— Ela que anunciou que iria armar toda a Venezuela e ao final terminam (…) mentindo que o governo a havia capturado — disse Cabello, nomeado por Maduro a ministro do Interior e da Justiça. — Ela está louca porque [disse que] nós a capturamos, e esse era seu plano: dizer ao mundo que foi presa para ver o que conseguia ganhar. Não deu em nada, e depois quando viu que não deu em nada, colocou o rabo entre as pernas gravando um vídeo dizendo que estava bem, que perdeu sua bolsa… Uma invenção, uma mentira.

Durante a manifestação, a líder da oposição venezuelana reivindicou a vitória do ex-diplomata Edmundo González nas eleições do ano passado, alvo de acusações de fraude por grande parte da comunidade internacional. Em discurso, ela disse que “o regime acabou” e manifestou seu orgulho dos venezuelanos que saíram às urnas.

— O que quer que eles façam, amanhã sentenciará o fim do regime. A Venezuela já decidiu, a Venezuela é livre. O regime acabou — disse, pedindo aos apoiadores para que seguissem “com muito cuidado todos os sinais que vamos dar nos próximos dias”. — Não tenhamos medo.

González, em exílio na Espanha desde setembro, a substituiu na corrida eleitoral após ela ter sido inabilitada pela Justiça, alinhada ao chavismo, de concorrer a cargos públicos por 15 anos. Nesta quinta-feira, ele visitou a Republicana Dominicana, a última parada da sua tour pela América Latina, e prometeu retornar a Caracas para tomar posse nesta sexta.

— Os venezuelanos recuperarão sua liberdade muito em breve — garantiu González. — Nos veremos em breve em Caracas, em liberdade.

Após a repercussão da prisão e desaparecimento de María Corina, González reagiu: “Como presidente eleito, exijo a libertação imediata de María Corina Machado. Para as forças de segurança que a sequestraram, eu digo: não brinquem com fogo”, escreveu em sua conta no X.

A suposta prisão de María Corina acontece em meio a um plano militar ativado há dois dias por Maduro, conhecido como Órgão de Defesa Integral da Venezuela (ODI). As Forças Armadas e policiais de todo o país foram mobilizadas sob a alegação de que havia planos para impedir a posse de Maduro.

A reeleição contestada de Maduro gerou uma onda de protestos no ano passado que deixou 28 mortos, 200 feridos e mais de 2.400 detidos, incluindo adolescentes. Grande parte dos detidos foram acusados de terrorismo e enviados para prisões de segurança máxima. Cerca de 1.500 já foram libertados.

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