Supostos diálogos mostram preocupação em usar a influência da emissora para divulgar informações
Caso uma apuração oficial confirme a autenticidade das mensagens de Telegram entre membros da força-tarefa da Lava Jato, divulgadas a conta-gotas pelo site The Intercept Brasil, ficará comprovado também a importância da Globo na repercussão das decisões dos procuradores.
Um dos trechos repercutidos na mídia mostra a intenção de fazer a assessoria de imprensa do Ministério Público Federal acionar uma equipe de jornalismo do canal para rebater a defesa do ex-presidente Lula.
Em outra conversa, sugere-se que determinada posição do Ministério Público Federal (MPF) em contraponto aos advogados de Lula seja divulgada a tempo de ganhar destaque na edição do Jornal Nacional do dia seguinte.
Essas citações ressaltam o poder de influência do telejornalismo da Globo. Principal telejornal da emissora, o JN pode atrair, em uma única noite, cerca de 6 milhões de pessoas diante da TV somente na Grande São Paulo, principal área de aferição de audiência do Ibope.
Apesar da expansão de portais e das redes sociais, a televisão ainda é o mais abrangente e impactante veículo a quem deseja atingir o maior número possível de pessoas – informações exclusivas exibidas na TV pautam os mais relevantes sites, blogs, jornais, revistas e rádios do País.
“Hoje você tem toda essa rapidez nas mídias sociais, mas ela está sujeita à desinformação. Não é tão confiável. O impacto quando sai (uma notícia) no Jornal Nacional é muito maior do que nas mídias sociais”, disse o veterano jornalista Lucas Mendes no Manhattan Connection, da GloboNews, em 2016.
Nos telejornais de sábado (15), a Globo divulgou nota oficial para rebater qualquer dúvida a respeito de imparcialidade e isenção na cobertura da Lava Jato.
A emissora faz o possível para não ser envolvida no vazamento que atinge diretamente o ex-juiz e atual ministro Sergio Moro e o coordenador da operação Deltan Dallagnol.