No cálculo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a disputa pelo Senado em São Paulo está resolvida: uma vaga fica com um candidato indicado por ele e a outra pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). Falta combinar com outros partidos e lideranças políticas, que já se movimentam para lançar outros nomes, aumentando a chance de pulverização de votos. As informações são do jornal, O GLOBO.
— Senado, em São Paulo, para não ter dúvida: uma vaga é minha, a outra vaga é do Tarcísio — disse Bolsonaro, durante transmissão ao vivo na reta final do primeiro turno das eleições municipais, em outubro.
Com duas vagas em disputa, hoje ocupadas por Mara Gabrilli (PSD) e Alexandre Giordano (MDB), ex-suplente de Major Olímpio, lideranças ensaiam congestionar os campos da esquerda à direita.
Ex-ministro do Meio Ambiente de Bolsonaro, o deputado Ricardo Salles (Novo), por exemplo, diz que está no jogo com ou sem apoio do antigo chefe, com quem não tem conversado desde que, a contragosto dele, declarou voto em Pablo Marçal (PRTB) para a prefeitura de São Paulo.
— Não vou abrir mão. Fui para o Novo para ser candidato e justamente para não acontecer o que houve na eleição pela prefeitura — disse Salles, que deixou o PL este ano depois de ter a candidatura barrada na eleição municipal.
O nome a ser apoiado pelo ex-presidente deve ser o de um de seus filhos, o deputado, Eduardo Bolsonaro (PL).
O escolhido de Tarcísio é menos claro, uma vez que o próprio governador enfrenta um dilema entre concorrer à reeleição ou tentar a Presidência. Além disso, a chapa ao Senado costuma ser usada para acordos políticos, o que abre a possibilidade de o governador contemplar uma sigla de peso, como PSD, MDB, PL ou PP, com o seu apoio. Esses partidos contam com bancadas expressivas no Congresso, o que lhes garante acesso a recursos dos fundos eleitoral e partidário, além de tempo de TV.
Um nome cotado dentro do governo é o do secretário estadual de Segurança Pública, Guilherme Derrite (PL), apesar da crise recente deflagrada por casos de violência da Polícia Militar.
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), por sua vez, cita o ex-governador Rodrigo Garcia como um possível candidato do partido ao Senado. Outras opções seriam o presidente nacional do MDB, Baleia Rossi, e a deputada Simone Marquetto.
Assim como outros partidos de centro, o MDB tenta se equilibrar entre a aproximação com Tarcísio e o fato de, em nível nacional, estar na base do presidente Lula. O MDB chefia três ministérios. Ao menos para o prefeito paulistano, o direcionamento é claro na disputa ao Senado e na composição partidária:
— O MDB vai caminhar no projeto do Tarcísio. Vamos definir junto com ele.
O emedebista Giordano, alçado ao cargo depois da morte de Major Olímpio, em 2021, resolveu apoiar a candidatura derrotada de Guilherme Boulos (PSOL) à prefeitura de São Paulo este ano e tem poucas chances de concorrer à reeleição.
Já a senadora Mara Gabrilli trocou o PSDB pelo PSD, partido do secretário estadual de governo, Gilberto Kassab, em 2023. O próprio Kassab é um dos cotados para o posto de vice de Tarcísio, o que torna a equação ainda mais complexa.
Estratégia petista
Na esquerda, o PT tem acordo com o PSB pela preferência na escolha para governador em São Paulo e, nacionalmente, tenta barrar o fortalecimento do bolsonarismo no Senado. O presidente Lula orientou o partido a focar na eleição para a Casa, abrindo mão de disputas aos governos estaduais para facilitar alianças com partidos de centro.
O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), ex-governador do estado e atual ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, e o ex-governador Márcio França (PSB), atual ministro do Empreendedorismo, largam na frente e podem atrair um eleitorado de fora da esquerda tradicional, sobretudo no interior do estado, mais conservador que a capital.
Aparecem como alternativas dentro do petismo os ministros das Relações Institucionais, Alexandre Padilha; do Trabalho, Luiz Marinho; e do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira. Ainda assim, existe uma ala do governo federal e do PT que avalia que apenas Alckmin poderia fazer frente ao deputado Eduardo Bolsonaro na disputa ao Senado.
Fortalecido nos últimos anos com quadros jovens, o PSOL pode optar por lançar Boulos. A presidente da sigla, Paula Coradi, contudo, disse que esse debate ainda não está sendo feito internamente.