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quinta-feira 19 de dezembro de 2024 às 21:25h

Lula quer mantê-lo, mas Múcio sente falta da sua casa, da mulher, dos netos e da música

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A última reunião ministerial do ano, nesta sexta-feira (20) terá várias peculiaridades, no Alvorada, com o presidente Lula em recuperação e o País pegando fogo. A principal delas, segundo Eliane Cantanhêde, do Estadão, é que também poderá ser a última para alguns dos presentes, a começar por uma peça-chave do governo, o ministro José Múcio, da Defesa. Não que Lula esteja doido para demiti-lo, pelo contrário, mas porque Múcio acha que já deu sua cota de sacrifício, fez tudo o que podia para acalmar as relações entre civis e militares e, mais do que isso, ele está cansado.

Aos 76 anos, Múcio sente falta da sua casa, da mulher, dos netos e da música. Homem afável, bem-humorado, com um talento político conhecido em Brasília, é lembrado por Lula para missões espinhosas, que exigem paciência, ouvido e malabarismo. Foi articulador político no segundo mandato do petista, apesar de vir da Arena e do PDS que tinham dado suporte à ditadura militar. E agora, depois de se virar com os políticos tem de tourear os militares, em tempos difíceis.

Com as Forças Armadas rachadas, submissas a Jair Bolsonaro, refratárias a Lula, lenientes com acampamentos golpistas em torno de quartéis, a prioridade de Múcio na Defesa era abaixar o fogo, afastar a política para bem longe, prestigiar comandantes legalistas e não se envolver com as investigações da PF e do STF.  De um lado, a má vontade de grande parte dos militares com Lula. De outro, o entorno de Lula embolando preconceitos com bons motivos contra os militares. No meio, Múcio apagando incêndios, construindo pontes.

Na primeira fase, deu tudo certo, diz Eliane Cantanhêde, mas as coisas foram se complicando. Não é fácil para os três comandos e as tropas, particularmente do Exército, conviver com revelações tenebrosas sobre oficiais articulando um golpe de Estado e até a prisão e o assassinato de Lula, do vice Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro do STF Alexandre de Moraes. Vergonha, constrangimento.

A isso some-se a inclusão – adequada, diga-se — dos militares no pacote de corte de gastos. Ninguém gosta de cortes, mas por que todos têm de se adaptar, não os militares? Múcio passou a conviver com um turbilhão de sensações, insatisfações, irritações e desconfianças mútuas, regado com as revelações do golpe. O ambiente azedou e, enquanto não forem todos julgados, os culpados condenados, não vai melhorar. Parecia ir tudo bem na Defesa, devagar e sempre, mas voltou “à estaca zero”. É hora de Múcio jogar a toalha? Lula diz que não, mas o próprio Múcio acha que sim e pode deslanchar a reforma ministerial.

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