Preso com uma mala com R$ 1,5 milhão quando seguia em um jatinho particular com destino a Brasília, o empresário Alex Rezende Parente, que estava com o ex-coordenador da Dnocs na Bahia, Lucas Lobão, afirmou à Polícia Federal que queria comprar maquinário para sua empresa com o dinheiro em espécie. A apreensão se deu no último dia 3 durante uma operação no âmbito do inquérito que investiga um suposto esquema de desvio de dinheiro público por meio de contratos do Departamento Nacional de Obras contra as Secas (Dnocs).
Segundo a PF, Alex é sócio de “diversas empresas usadas no esquema”, tendo movimentado “grandes quantias utilizando notas fiscais frias para simular serviços inexistentes”. Sua defesa afirmou que ainda que não teve acesso integral aos autos e que vai “esclarecer todos os fatos no curso da investigação e eventual processo”.
Em depoimento prestado após a prisão, Alex disse que o dinheiro apreendido no jatinho era “proveniente de venda de alguns equipamentos pesados”. “Ademais, vem juntando dinheiro há mais de um ano, razão por que tinha esse montante”, diz trecho do depoimento prestado à PF.
O empresário ainda afirmou que sua intenção era deixar o dinheiro guardado em um imóvel em Brasília e que transportou o montante para capital federal “mais porque não queria deixar em Salvador”, além do “maquinário na capital baiana ser mais caro”.
Para a PF, os valores transportados tinham origem ilícita e seriam destinados para pagamento de propina em Brasília, conforme consta na decisão que autorizou a operação. Foi apreendida também uma planilha contendo relação de contratos e valores totalizando mais de R$ 200 milhões em contratos suspeitos no Rio de Janeiro e no Amapá.
Batizada de Overclean, a operação apura a suspeita de um desvio de R$ 1,4 bilhão em contratos públicos. “Apenas em 2024, [o grupo] celebrou contratos no valor de R$ 825 milhões”, diz nota publicada pela CGU, que informou ter identificado um “superfaturamento parcial” de mais de 8 milhões em contratos do Dnocs.