Chefe da pasta dos Povos Indígenas foi agraciada ao lado de cinco outros defensores das pessoas e do planeta dos Estados Unidos, da Romênia, da China, do Egito e da Índia; ministra falou à ONU News sobre riqueza da sabedoria ancestral.
A ministra dos Povos Indígenas do Brasil, Sonia Guajajara, recebeu das Nações Unidas o Prêmio Campeões da Terra. O anúncio foi feito em Nairóbi, sede do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Pnuma, nesta terça-feira, 10 de dezembro.
Em vídeo gravado para a ONU News, de Brasília, a ministra Sonia Guajajara agradeceu aos organizadores pela distinção que descreveu como um importante reconhecimento de ações para preservação da biodiversidade e de fortalecimento da voz dos povos indígenas.
Desigualdades se acentuando para muitos
“Estamos vivendo um período de muitos desafios. Desafios ambientais, climáticos, sociais, políticos, éticos e espirituais. Parte desses desafios são resultados dos modos hegemônicos da relação humana com o ambiente e com todos os seres viventes. São resultados da exploração predatória da natureza, das relações desiguais de poder na sociedade, das diferenças de acesso a direitos e participação política, da concentração de renda e riqueza por poucos enquanto as desigualdades se acentuam para muitos.
A ONU lembra que Guajajara é a primeira pessoa a ocupar a pasta dos Povos Indígenas e que na liderança dela, 10 territórios foram demarcados, afastando o desmatamento, a extração ilegal de madeira e o tráfico de drogas.
Para Sonia Guajajara, as sociedades têm muito o que aprender com o bem-viver
Até 2050, 75% da população poderão ser afetados por secas
“A valorização da luta e do conhecimento ancestral dos povos indígenas pela manutenção da floresta em pé é essencial para conseguirmos mudar esse cenário e precisamos agir agora.”
O Prêmio Campeões da Terra 2024 destaca a liderança excepcional dos ganhadores assim como suas ações corajosas e soluções sustentáveis para combater a degradação da terra, a seca e a desertificação.
A diretora-executiva da agência da ONU, Inger Andersen, lembra que quase 40% das terras do mundo já estão degradadas, a desertificação está aumentando e as secas devastadoras estão se tornando mais regulares. Até 2050, espera-se que ¾ da população possam ser afetados por secas.
Prêmio já foi destinado a 122 indivíduos e organiza
Além da ministra brasileira, o Pnuma concedeu o prêmio a Amy Bowers Cordalis, uma defensora indígena dos Estados Unidos; Gabriel Paun, um defensor ambiental romeno, fundador da ONG Agent Green; Lu Qi, cientista chinês especializado em reflorestamento; Madhav Gadgil, ecologista indiano que promove a biodiversidade e a Sekem, uma iniciativa de agricultura sustentável no Egito.
Desde 2005, o prêmio já reconheceu 122 pessoas e organizações.