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População síria celebra o fim da era liderada pelo Partido Baath após rebeldes tomarem o controle de Damasco, capital do país - Foto: Yasin AKGUL / AFP
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domingo 8 de dezembro de 2024 às 16:31h

Conheça a história do Partido Baath, que há mais de meio século é símbolo de repressão na Síria

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Com mais de meio século de poder na Síria, o governo do Partido Baath, que terminou neste domingo (8) quando os rebeldes tomaram o controle de Damasco, é para muitos sírios um símbolo de repressão.

O presidente Bashar al-Assad, que permaneceu no poder por 24 anos, reprimiu de maneira extremamente violenta uma revolta pacífica iniciada em 2011 no âmbito das revoluções árabes. Antes dele, seu pai, Hafez al-Assad, também havia aplacado impiedosamente seus oponentes.

O Baath, que defende a unidade dos países árabes, foi fundado em 17 de abril de 1947 por dois nacionalistas sírios que estudaram em Paris, Michel Aflaq, um cristão ortodoxo, e Salah Bitar, um muçulmano sunita.

A legenda se uniu em 1953 ao Partido Socialista Árabe e ganhou popularidade entre intelectuais, trabalhadores rurais e minorias religiosas. Também se estabeleceu em outros países árabes, como o Iraque.

Os dois fundadores não poderiam imaginar que duas alas rivais do partido, uma no Iraque e outra na Síria, acabariam governando dois regimes autocráticos inimigos.

Em 8 de março de 1963, o Partido Baath tomou o poder na Síria, após um golpe de Estado militar.

Outro golpe de Estado, liderado em 23 de fevereiro de 1966 pelo general Hafez al-Assad, afastou a direção do partido, então sob a influência de Aflaq e Bitar, e provocou a ruptura com o braço do Baath que governava o Iraque.

Um terceiro golpe de Estado, o “movimento corretivo”, em 16 de novembro de 1970, levou Hafez al-Assad ao posto de chefe de Estado. Assad manteve o presidente deposto, Nureddin al Atasi, na prisão por 23 anos.

Um ano depois, uma nova Constituição foi aprovada, que estabelece que o Partido Baath (“ressurreição”, em árabe) é o “líder do Estado e da sociedade”. A nova Carta Magna instaura também o “referendo presidencial”.

Referendos fictícios

Depois de ser eleito presidente da República por referendo em 1971, Hafez al-Assad permaneceu no poder até sua morte, em junho de 2000.

Durante três décadas, o país permaneceu isolado: o estado de emergência foi decretado, a oposição e a imprensa foram amordaçadas e as manifestações foram proibidas.

Em fevereiro de 1982, o regime reprimiu violentamente uma insurreição da Irmandade Muçulmana, sua grande rival, na cidade de Hama, centro do país.

Devido ao apagão de informações, os dados exatos não são conhecidos, mas calcula-se que a repressão do levante deixou entre 10.000 e 40.000 mortos.

Como não existia oposição, o nome do “candidato” à presidência era proposto pelo partido e depois a eleição era submetida a um referendo. Em cada votação, Hafez primeiro e seu filho Bashar al-Assad depois, eles foram “eleitos” com mais de 90% dos votos.

Quando Bashar chegou à presidência, em julho de 2000, graças a uma emenda constitucional porque não tinha a idade exigida para assumir o cargo, os críticos denunciaram a criação de uma “República hereditária”.

Bashar, como o pai, pertence aos alauitas, um ramo minoritário do islã na Síria, cuja população é majoritariamente muçulmana sunita.

Como a Tunísia, o Egito e a Líbia, a Síria também foi cenário de uma revolta árabe, em março de 2011, que questionou a hegemonia do partido Baath.

Bashar al-Assad prometeu reformas, ao mesmo tempo que reprimiu a revolta com sangue e fogo.

No âmbito das medidas prometidas, o governo sírio anunciou um referendo em 26 de fevereiro de 2012 sobre uma nova Constituição para acabar com o predomínio do partido Baath e instaurar, em tese, o pluralismo político.

Mas a revolta virou uma guerra civil, deixando um país dividido e mais de meio milhão de mortos.

Os rebeldes, que entraram neste domingo em Damasco após uma ofensiva relâmpago, proclamaram “o fim da era obscura e o início de uma nova era para a Síria”, após “50 anos de opressão sob o governo do partido Baath e 13 anos de crimes, tirania e deslocamento”.

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