Prefeitos reeleitos este ano e cotados como candidatos a governador em 2026 delegaram aos seus vices papéis decisivos, cientes de que precisam prepará-los para a possibilidade de assumir o comando das respectivas cidades daqui a dois anos. O movimento ocorre no Rio e Recife, onde Eduardo Paes (PSD) e João Campos (PSB) abrem espaços para os jovens Eduardo Cavaliere (PSD) e Victor Marques (PCdoB) — ambos com 30 anos.
Capitais como Maceió, João Pessoa e Manaus, nas quais os reeleitos João Henrique Caldas, o JHC (PL), Cícero Lucena (PP) e David Almeida (Avante) são ventilados para a disputa de outros cargos daqui a dois anos, também contam com vices nada decorativos e que vão ter postos de destaque em áreas como Saúde e Infraestrutura.
No Rio e Recife, Cavaliere e Marques estão designados para coordenar as transições municipais e despontam como braço direito dos chefes. Paes e Campos foram reconduzidos, o que faz com que o momento transitório seja menos de ruptura e mais de ajustes de prioridades. A escolha pelos vices evidencia o desejo de lhes dar protagonismo.
Transição
Cavaliere já foi secretário de Casa Civil e de Meio Ambiente, mas não assumirá pastas no futuro mandato. A ideia de Paes é deixá-lo mais atuante em diferentes áreas, a fim de que ele tenha envolvimento completo no funcionamento do município e colha frutos políticos em inaugurações.
Caso o prefeito concorra a governador — algo que ele nega, mas que há um consenso de que o cenário será inevitável —, Cavaliere assumiria como o prefeito mais jovem da história da cidade.
— Coloquei como vice-prefeito alguém que teria todas as condições de assumir amanhã a prefeitura do Rio e conduzir a cidade com muita capacidade e maturidade, apesar da pouca idade — disse Paes na semana passada no seminário Caminhos do Rio, organizado pelo jornal O Globo.
Cavaliere se nega no momento a falar das ambições eleitorais dele e do prefeito.
— O gabinete de transição vai mostrar a energia e ambição de Eduardo Paes de fazer do novo governo o melhor dos seus mandatos. Vamos ouvir a sociedade, aprofundar o plano de governo e apresentar os programas e metas para o Rio seguir avançando — diz o vice.
No Recife, Marques vai comandar um grupo de trabalho de transição com o objetivo de pensar a estrutura administrativa da prefeitura — secretarias, equipes e orçamento, por exemplo.
Troca de cargos
Campos também é tido como candidato ao governo estadual em 2026 e, ao contrário de Paes, tem mais nitidez do que enfrentaria na empreitada. A governadora Raquel Lyra (PSDB, mas com possível ida para o PSD) pode concorrer à reeleição, ao contrário de Cláudio Castro (PL) no Rio. A despeito da superlativa aprovação na capital — foi reeleito com 78% dos votos —, Campos viu nas eleições municipais a governadora emplacar um grande número de aliados em prefeituras pelo estado.
Em Maceió, JHC é cotado tanto para o governo quanto para o Senado, mas faz mistério. O vice dele é Rodrigo Cunha (Podemos), que abriu mão do cargo de senador para voltar ao jogo local tendo em mente a chance de virar prefeito. Segundo interlocutores, a Secretaria de Saúde é um possível destino para Cunha.
Lucena, na paraibana João Pessoa, foi reeleito com o mesmo vice do atual mandato, Leo Bezerra (PSB), auxiliar atuante na gestão. Quem também pertence ao PSB é o governador João Azevêdo, que não pode mais se reeleger. Seria menos trabalhosa, portanto, uma composição envolvendo a cidade e o estado em 2026.
Em Manaus, Almeida nega que vá deixar a prefeitura para disputar o governo, e o cenário tem aliados do prefeito mais cotados para a eleição estadual. Ainda assim, o nome dele sempre foi colocado como alternativa. Enquanto isso, o vice Renato Junior, também do Avante, assume a importante Secretaria de Infraestrutura.