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segunda-feira 25 de novembro de 2024 às 13:56h

Israel avança em potencial acordo de cessar-fogo com Hezbollah

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Autoridades de Israel concordaram com as bases para um cessar-fogo com o movimento xiita libanês Hezbollah, afirmaram fontes americanas e israelenses ouvidas por veículos de imprensa dos dois países nesta segunda-feira, após um fim de semana marcado pela troca de ataques aéreos e bombardeios na região da fronteira. Enquanto o Estado judeu mantém uma política descrita por analistas como “negociação sob fogo” e impõe pressão máxima no campo de batalha em meio às rodadas diplomáticas, a continuidade dos ataques partindo do território libanês parece eercer um peso decisivo para a sequência das tratativas nessa etapa do conflito.

A proposta sob a mesa teria um escopo similar à resolução 1701 do Conselho de Segurança da ONU, que encerrou a Segunda Guerra do Líbano, em 2006. De acordo com fontes ouvidas pelo jornal israelense Haaretz, incialmente haveria uma trégua nas hostilidades, com uma posterior retirada do Hezbollah para o norte do Líbano e, por fim, uma saída das tropas israelenses do sul do país vizinho. A rede americana CNN informou que os termos seriam apresentados ao lado libanês nesta segunda-feira, com a ressalva de que não foram aprovados em definitivo.

O Hezbollah sofreu golpes esmagadores com os bombardeios israelenses e a incursão por terra no sul do Líbano que deixaram 3.072 mortos e 13.426 feridos desde setembro, de acordo com números divulgados pelo Ministério da Saúde libanês. Israel diminuiu severamente a capacidade do grupo de atacar o país em profundidade e enfraqueceu significativamente sua liderança política e militar — incluindo a eliminação de seu líder, Hassan Nasrallah. Contudo, o insucesso em eliminar os foguetes de curto alcance que a milícia dispara na parte norte do país é uma ferida aberta do lado israelense.

Fontes americanas e israelenses avaliam que, enquanto o lançamento de foguetes continuar, Israel não será capaz de cumprir um de seus principais objetivos com a guerra no norte — garantir a segurança de dezenas de milhares de moradores que deixaram suas casas perto da fronteira. O fracasso em conter a ameaça das armas de curto alcance colocou pressão sobre o governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que se vê pressionado a aceitar um cessar-fogo ou pelo menos uma interrupção temporária das hostilidades.

Comparação entre os poderes militares de Israel e do Hezbollah — Foto: Arte/O Globo

Pessoas ligadas ao governo americano e ao Gabinete de Netanyahu afirmam desde a semana passada que as chances de uma negociação avançar é real, embora ainda faltem detalhes sobre o texto final. Uma fonte regional ouvida pela rede americana CNN sugeriu que um acordo está “mais perto do que nunca”, mas que ainda é preciso avançar para chegar a um consenso.

No domingo, o analista da CNN e repórter da Axios Barak Ravid citou uma fonte dizendo que o enviado dos EUA ao Oriente Médio, Amos Hochstein, havia dito ao embaixador israelense em Washington que, se Israel não respondesse positivamente nos próximos dias à proposta de cessar-fogo, ele se retiraria dos esforços de mediação.

Poder de fogo

Apesar dos reveses no campo de batalha, o Hezbollah mantém a capacidade de disparar centenas de projéteis por dia contra o norte de Israel. As munições de curto alcance, mais fáceis de esconder e difíceis de localizar, têm dificultado as ações israelenses, apesar da ampla mobilização atual. Apenas no domingo, cerca de 250 projéteis foram disparados pelo movimento libanês, de acordo com a contagem das forças israelenses.

Além disso, segundo autoridades americanas ouvidas pelo New York Times na semana passada, o Hezbollah ainda não mobilizou totalmente suas dezenas de milhares de integrantes, levantando preocupações de que seu braço armado esteja se preparando para travar uma campanha de guerrilha de longo prazo contra as tropas israelenses, particularmente no sul do Líbano.

— As ações militares israelenses degradaram significativamente as capacidades militares do Hezbollah — disse Brett Holmgren, diretor interino do Centro Nacional de Contraterrorismo, em um discurso recente. — Mas as forças terrestres no sul permanecem um tanto intactas.

O Hezbollah, com a ajuda do Irã, construiu a maior parte de seu arsenal ao longo de três décadas. Estima-se que possua de 120 mil a 200 mil projéteis. Quando Israel começou sua campanha contra o grupo em setembro, Nasrallah pediu ao Irã e à Síria que reabastecessem o arsenal, disseram autoridades israelenses e uma autoridade americana — o que contribuiu para a decisão de Israel de matá-lo.

Autoridades israelenses acreditam que estão perto de atingir a meta de eliminar a infraestrutura militar do Hezbollah ao longo da fronteira e que degradaram significativamente o arsenal do grupo, de acordo com um funcionário militar graduado israelense que falou sob condição de anonimato. Porém, autoridades dos EUA dizem que eliminar foguetes de curto alcance suficientes para impedir os ataques ao norte de Israel não é possível.

As agências de inteligência americanas avaliaram que um acordo de cessar-fogo continua sendo a melhor chance de os israelenses retornarem para suas casas perto da fronteira com o Líbano.

Pressão interna

Cerca de 60 mil israelenses que vivem perto da fronteira com o Líbano receberam ordens de retirada ainda em outubro de 2023, inicialmente por causa de temores de uma invasão pelas forças do Hezbollah nos moldes da lançada pelo Hamas de Gaza em 7 de outubro, e da ameaça de mísseis antitanque disparados pelo grupo — um tipo de armamento que, pelo trajeto quase em linha reta dos projéteis e proximidade entre o local de disparo e os alvos pretendidos, é praticamente imune aos sistemas de alerta e de defesa antiaérea israelense.

Autoridades israelenses e moradores do norte do país afirmam que não haverá segurança até que se tenha certeza de que um acordo de cessar-fogo manterá os homens do Hezbollah ao norte do Rio Litani. Isso colocaria as comunidades israelenses fora do alcance dos mísseis antitanque, reduziria a probabilidade de uma infiltração e interromperia o fogo constante de foguetes.

Dezenas de milhares de civis libaneses também fugiram de cidades e vilas sob fogo israelense no sul do Líbano, e autoridades americanas enfatizaram que um acordo de cessar-fogo é necessário para permitir que os civis retornem para casa em ambos os lados da fronteira.

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