Como Zumbi e Ganga Zumba, Aqualtune foi uma importante líder da confederação quilombola de Palmares. Mas não foi a única mulher a exercer papel de destaque no maior, mais poderoso e mais duradouro foco territorial de resistência à escravização da América Latina.
Apesar da “memória seletiva” de grande parte dos historiadores, aqui e ali trechos de narrativas sobre um dos episódios mais nefastos da trajetória humana revelam o protagonismo das mulheres no Quilombo dos Palmares. Entre elas, Acotirene e Dandara.
Como muitas outras, Acotirene (ou Arotirene) e Dandara exerceram funções equivalentes às dos homens, transportando pólvora e armamentos, combatendo, traçando estratégias de defesa, aconselhando, liderando as muitas batalhas contra os opressores.
Vamos a um breve perfil dessas guerreiras.
ACOTIRENE
Acotirene foi uma das primeiras mulheres a habitar Palmares. Antes mesmo de Ganga Zumba assumir o comando do quilombo, ocupou um importante mocambo, instalado no litoral dos Estados de Pernambuco e Alagoas.
No povoado, que levava seu nome, destacou-se como influente conselheira e líder militar, orientando e guiando o povo negro na luta contra a escravização. Sua coragem e habilidade de estrategista foram fundamentais na defesa do conglomerado contra as forças coloniais.
Considerada a matriarca do Quilombo dos Palmares, Acotirene promoveu a união entre negros (pretos e “pardos”) e indígenas, sendo consultada para diferentes assuntos – de problemas familiares a questões político-militares.
É considerada símbolo de resistência feminina na luta pela liberdade.
DANDARA
Dandara foi esposa de Zumbi, mas não se resumiu a exercer o papel destinado às mulheres no período colonial. Muito à frente do seu tempo, foi uma importante líder em Palmares, atuando na defesa e manutenção do quilombo.
Assim como muitas outras mulheres negras que estiveram ao lado de grandes lideranças masculinas, Dandara tem história é incerta, plena de lacunas que dificultam uma reconstituição mais precisa e detalhada.
Consta em esparsas narrativas que nasceu em 1690, sendo, portanto, bem mais jovem que Zumbi, que teria nascido em 1655. Sua bravura e habilidades militares foram determinantes para a sobrevivência do reinado palmarino, por tanto tempo.
Como seu nome prenuncia, Dandara foi uma princesa guerreira que inspirou e continua a inspirar gerações, simbolizando a força das mulheres negras na história.
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P.S.: a origem do nome Dandara varia bastante. Alguns consideram que vem do tupi-guarani, significando “princesa”, ou “guerreira”; outros, que tem origem africana, significando “princesa negra”, ou “princesa guerreira”. Mas, como registrado no Portal do Geledés, o nome pode variar, mas é sempre associado a características como “poderosa”, “guerreira”, “aquela que luta”.