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segunda-feira 18 de novembro de 2024 às 12:56h

Cientista brasileiro viajará ao espaço em busca de cura para autismo e Alzheimer

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Organoides cerebrais
Organoides cerebrais são as ferramentas de pesquisa dos cientistas – Foto: Erik Jepsen

É uma questão prática: na Terra, precisariam esperar muitos anos para, por exemplo, verificar como surge e se desenvolve a Doença de Alzheimer, que costuma aparecer na velhice.

No espaço, já que os organoides envelhecem mais rápido do que na Terra, conseguem acelerar os processos para prever como o cérebro humano se comportará em diferentes estágios da doença ou do transtorno. A partir daí, realizam testes em busca de tratamentos — e até da cura — dessas condições neurológicas.

“Eu poderia cultivar o organoide por 80 anos? Poderia, mas não estarei mais aqui quando ele estiver maduro o suficiente para eu estudar o Alzheimer”, pontuou o cientista.

A diferença é que a missão espacial contará, pela primeira vez, com interferência humana.

Para isso, testarão fármacos ou bioativos derivados da floresta amazônica, que serão manualmente inseridos nos “minicérebros” durante a viagem, para testá-los como agentes de proteção contra o Alzheimer.

“A gente tem que colocar, em cada um desses organoides, o equivalente a um microlitro do volume de uma das drogas da Amazônia”, explicou ele.

Neurônios humanos
Neurônios humanos: fases da pesquisa demandam presença humana, como a microscopia – Foto: Muotri Lab/UC San Diego

Muotri ainda ressaltou não ser possível alcançar o nível de resolução que esperam por meio da máquina na qual costumam realizar os testes. Como a única forma de experimentar os possíveis medicamentos é manualmente, precisam ir ao espaço fazer os exames.

Outras fases experimentais da pesquisa também demandam presença humana. “Tem uma fase de microscopia na qual você coloca esses minicérebros dentro do microscópio e observa a formação de sinapses — a gente não tem isso ainda de uma forma automatizada”, completou.

Uma opção seria colocar astronautas da Nasa para realizar o experimento, mas descartaram a possibilidade porque esses profissionais “não têm experiência” para o nível de pesquisa exigido.

Como uma viagem espacial oferece riscos à saúde — diminuição da massa muscular, da cognição, enfraquecimento de ossos —, os cientistas devem permanecer no espaço menos do que 30 dias.

Com isso, mitigam os efeitos negativos da microgravidade sob o corpo humano, que não está adaptado para o espaço, e conseguem prever os avanços de doenças neurológicas. O período total que ficarão no espaço, no entanto, ainda não está definido.

Além disso, Muotri garante que fez uma parceria com a Ufam (Universidade Federal do Amazonas) para, em caso de descoberta de possíveis remédios, parte da verba da venda ser revertida para as tribos originárias que ajudaram a descobrir os fármacos e para a preservação da floresta amazônica.

Agora, com as pesquisas, o cientista gostaria de colaborar com o Governo Brasileiro para disponibilizar os possíveis — e futuros — tratamentos contra a Doença de Alzheimer ou o autismo no SUS (Sistema Público de Saúde).

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