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domingo 17 de novembro de 2024 às 08:54h

Geração Z busca mais do que dinheiro e quer salário emocional, diz chefe do ManPowerGroup

NOTÍCIAS, PROFISSÃO


Falar que a geração Z é irresponsável ou sem lealdade é um erro e não compreender o que este público busca no mercado de trabalho e para suas vidas, afirma a CEO do ManPowerGroup na América Latina, Monica Flores.

A geração Z é o grupo de pessoas nascidas entre 1995 e 2010, e é caracterizada por ser hiperconectada e ter um relacionamento íntimo com a tecnologia.

“Na verdade, o que acontece é que não entendemos que eles estão buscando outra coisa”, diz a CEO em entrevista a IstoÉ Dinheiro. “Nas gerações passadas, vivíamos para trabalhar. A geração Z trabalha para viver. O trabalho é um meio, não um fim.”

O ManPowerGroup é uma empresa de recursos humanos que oferece serviços como recrutamento e seleção; terceirização; mão de obra temporária; gestão de terceiros e fornecedores. A empresa tem capital aberto na bolsa de valores de Nova York e está presente em 80 países, nove deles na América Latina.

O que é salário emocional?

O salário emocional é um conceito da área de recursos humanos que ganhou popularidade nos últimos anos. Em 2006, a espanhola Fundação Fator Humá definiu este tipo de remuneração como “o conjunto de retribuições não monetárias que o trabalhador recebe de sua organização.”

“O trabalho mudou. Quando eu tive minha primeira experiência de trabalho, era muito transacional. Você estava ali por oito horas e te pagavam tanto de dinheiro, e aí terminava o contrato”, compara Flores. “Agora é uma relação ganha-ganha. Eu te dou o meu talento, mas peço algo mais do que apenas dinheiro. Peço também o salário emocional, algo que não estamos acostumados a oferecer.”

Flores compara as críticas feitas aos jovens de hoje àquelas que ouvia de seu próprio avô, que também considerava os jovens da época “rebeldes”. Ela afirma que é comum pessoas jovens provocarem mudanças na sociedade como um todo.

“Hoje, embora eu seja de outra geração, afinal não sou da Geração Z, procuro que a minha empresa se preocupe comigo, que me ofereça oportunidades de aprendizado, que me dê flexibilidade alguns dias, que meu líder seja alguém que me inspire e me faça uma pessoa melhor, e que meu propósito pessoal coincida com o da organização.”

Flores lembra que o trabalho é um produto em um mercado de empresas que competem pelos melhores profissionais. Assim, hoje, “para ficar com os melhores, uma boa marca empregadora é muito importante.”

E o que buscam as empresas?

A CEO explica que as mudanças aceleradas dos últimos anos tiraram o foco da titulação acadêmica tradicional. “Não quero dizer que a carreira ou o estudo não sejam importantes, mas o peso tem mudado”, diz. “Hoje em dia, damos mais importância a outras coisas do que apenas ter um diploma universitário ou um certificado técnico.”

“As empresas não exigem apenas conhecimento técnico e acadêmico, mas também competências interpessoais que permitem que o indivíduo seja criativo e lidere”, explica.

O trabalho de educação, segundo a empresária, deve partir das empresas também, que devem “formar seu próprio talento em áreas mais sofisticadas, porque isso é mais vantajoso do que ir buscar novos profissionais no mercado. Por outro lado, a própria pessoa deve ir aumentando seus conhecimentos.”

Segundo a executiva, o ManPowerGroup identifica uma crise de escassez de talentos. O Brasil registrou no terceiro trimestre do ano seu desemprego mais baixo da história, conforme apontou o IBGE. Ainda assim, segundo dados da empresa, somos o quarto país com maior demanda de talentos. As áreas com mais vagas são: tecnologia da informação (TI), análise de dados, vendas e marketing, e atendimento ao cliente.

Formação precisará mudar

Monica Flores acredita que os países da América Latina ainda estão despreparados para formar os profissionais necessários para o futuro. “Nossos sistemas da educação ainda são muito antigos, vêm das décadas de 50 e 60 do século 20, e estamos no século 21”, diz.

Para a executiva, o desaparecimento de algumas vagas de trabalho por conta de tecnologias como a inteligência artificial é certo. “Mas outras posições de trabalho vão ser criadas, exigindo novas competências, e devemos ajudar os humanos a adquiri-las, como criatividade, colaboração, comunicação e liderança.”

O desafio então é mudar a educação. Segundo Flores, uma mudança exigirá medidas não só dos governos, mas das empresas e até das famílias com seus filhos.

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