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'As pessoas pensam que há uma infiltração do PCC na política. A estratégia do PCC não é essa', diz o sociólogo Gabriel Feltran, autor de Irmãos: Uma história do PCC. Na foto, Marco Camacho, o Marcola, apontado como líder da facção - Foto: AFP
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sexta-feira 15 de novembro de 2024 às 08:06h

PCC: a quem não interessa combater o crime organizado?

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A lavagem de dinheiro é, conforme artigo na coluna de Mário Sabino, do portal Metrópoles, o crime que coroa o sucesso da corrupção, perpetrada por organizações criminosas políticas, e do tráfico de drogas, levado a cabo por máfias como o PCC e as dezenas de outras associações de malfeitores em ação no Brasil.

É fatal que, ainda de acordo com o colunista, em algum momento, para ampliar os negócios, as máfias aproveitem-se do esgarçamento institucional causado pelas organizações criminosas políticas e se infiltrem entre elas, ocupando cargos e cooptando atores nos poderes do Estado.

Esse filme está em cartaz no Brasil, principalmente em São Paulo, berço do PCC e na Bahia, com diversas facções. Em paralelo à expansão da sua rede de lavagem de dinheiro, constituída por postos de gasolina, empresas de ônibus, incorporadoras imobiliárias, garimpo e operações financeiras com criptomoedas, a máfia paulista incorporou elementos da política.

O caso do delator Antônio Vinicius Gritzbach, executado no aeroporto internacional de Guarulhos pelo PCC, do qual foi sócio e do qual teria mandado matar um dirigente, revelou ao público que policiais civis e militares também fazem parte desse universo de podridão. Como mostrou a sucursal paulista do portal Metrópoles, Antônio Vinicius Gritzbach citou diversos agentes, entre delegados e investigadores, que fariam parte de uma rede de extorsão que o teria vitimado.

Além disso, os policiais militares que escoltavam o delator no momento em que ele foi abatido a tiros de fuzil são suspeitos de ser cúmplices da execução (escolta privada, visto que Antonio Vinicius Gritzbach dispensou a proteção que lhe foi oferecida pelo Ministério Público). Fato surpreendente: esses policiais militares já eram investigados pela corregedoria da PM, segundo o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite.

Depois da execução de Antonio Vinicius Gritzbach no aeroporto, a secretaria criou uma força-tarefa para apurar o crime, chefiada pelo secretário-executivo da pasta, Osvaldo Nico Gonçalves, o delegado Nico, que atuou em casos célebres.

Voltando ao quadro mais geral, quando Mário Sabino era correspondente baseado em Paris, há mais de dez anos, afirma que fez uma reportagem sobre o gigantesco esquema de lavagem de dinheiro operado pelas máfias italianas no norte da Europa. O esquema tinha tantas ramificações nos mais diversos setores da economia cotidiana, que chamou a atenção da Comissão Europeia.

Uma investigação foi levada a cabo e, em outubro de 2013, o Parlamento Europeu reconheceu, pela primeira vez, a necessidade de combater as máfias em nível supranacional. No Brasil, o crime organizado precisaria ser enfrentado em coordenação nacional, visto que o PCC e também o CV carioca agem em vários estados e contam com conexões internacionais. Mas as autoridades batem tanto a cabeça, que fica a dúvida: é só por incompetência ou será que não interessa combater o crime organizado? A policiais bandidos, certamente não interessa.

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