Com o futuro sob especulação, o presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), ministro Bruno Dantas, decidiu se afastar de Brasília a partir de janeiro, conforme Renata Agostini, do O Globo. A saída é, segundo a colunista, a princípio, temporária. Ele passará o primeiro semestre do ano que vem como pesquisador visitante na Universidade de Nova York.
Há meses, autoridades em Brasília tentam prever qual será o futuro de Dantas após deixar o comando do TCU. Pessoas próximas dizem que ele pode aceitar uma vaga no setor privado, seja numa empresa ou num escritório de advocacia. A quem lhe pergunta, o ministro nega que tenha engatilhado uma função no meio empresarial.
Ele tem dito que não pretende, aliás, se licenciar da Corte de contas. A intenção de Dantas é seguir despachando seus processos e participando das sessões por vídeo. Ele deixará a presidência do TCU no fim deste ano, mas vem indicando nos bastidores que, na prática, já passou o bastão. Temas mais espinhosos no tribunal a partir de agora deverão ser conduzidos pelo ministro Vital do Rêgo e por Jorge Oliveira, que serão presidente e vice a partir de 2025.
Os políticos estão olhando com lupa as movimentações de Dantas, já que uma eventual saída sua do TCU aumentaria a disputa em curso por vagas na Corte. Em fevereiro do ano que vem, Aroldo Cedraz completa 75 anos e terá de se aposentar. Em 2027, será a vez de Augusto Nardes.
Uma dessas vagas entrou nas negociações para a sucessão de Arthur Lira (PP-AL) para a Câmara dos Deputados e está sendo prometida ao PT em troca de apoio à candidatura de Hugo Motta (Republicanos-PB).
O TCU é composto por nove ministros, dos quais três são indicados pelo presidente da República, três são apontados pela Câmara e três vêm por escolha do Senado.
Dantas deixou um cargo na siderúrgica CSN em 2014 para assumir uma vaga no TCU. A boa relação com quadros do MDB, como as famílias Calheiros e Sarney, o posicionou para o posto com indicação do Senado. Tornou-se autoridade influente na capital, com bom trânsito entre ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e a cúpula do Congresso.
No ano passado, acabou preterido ao posto de ministro do STF, cargo para o qual era apontado como um dos mais cotados. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva optou por indicar seu então ministro da Justiça, Flávio Dino.
Doutor e mestre em Direito, Dantas assumirá a cátedra intitulada “pesquisador visitante sênior em atuação governamental”, destinada a juristas e intelectuais.