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domingo 3 de novembro de 2024 às 06:54h

Eleição na Bahia reforça polarização e indica novo embate entre Jerônimo e ACM Neto

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As eleições municipais na Bahia consolidaram um cenário de polarização entre os grupos liderados pelo governador Jerônimo Rodrigues (PT) e pelo ex-prefeito de Salvador ACM Neto (União Brasil), indicando um novo embate entre ambos na eleição estadual de 2026, conforme reportagem de João Pedro Pitombo, da Folha de S. Paulo.

Os nove partidos que formam a base aliada do governador vão controlar 309 prefeituras dentre os 417 municípios baianos, o equivalente a 73% do total.

Mas o jogo se equilibra na régua da votação por partido no primeiro turno. Juntos, os postulantes das legendas da base do governador tiveram 2,68 milhões de votos para prefeito no primeiro turno, enquanto as seis siglas da oposição alcançaram 2,58 milhões de votos.

Os números dão um norte, mas não são estanques. Isso porque a oposição apoiou candidatos de partidos da base do governo, enquanto parte dos prefeitos filiados a legendas oposicionistas são alinhados ao governador.

Caciques dos dois grupos políticos se declararam vitoriosos e apresentaram seus trunfos após as eleições. Em privado, governistas e oposicionistas avaliam que terão uma dura caminhada para consolidar suas bases, afinar o tom do discurso e se preparar para a disputa de 2026.

De um lado, o governo consolidou sua presença nas pequenas cidades do estado, ancorado sobretudo no PSD do senador Otto Alencar, que conquistou 115 prefeituras nesta eleição.

Tabuleiro 2026

O Avante, controlado pelo ex-deputado federal Ronaldo Carletto e turbinado pelo apoio do ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), chegou a 60 prefeitos, seguido do PT, que cresceu para 50.

No segundo turno, o PT venceu em Camaçari (60 km de Salvador), cidade que abriga um polo industrial, tem o terceiro maior orçamento municipal do estado e é um dos berços do PT baiano.

A vitória foi classificada pelos petistas como “um bálsamo”, sendo determinante para manter a força após derrotas na maioria das cidades médias baianas. O resultado fez o partido sair das cordas, com provocações a ACM Neto.

“O candidato derrotado [em 2022] está parecendo que já está em 2026. Eu já disse: ‘Tenha calma. Eleição de governador é em 2026, você está muito afoito’. Parece que não conseguiu deglutir a derrota para o novato Jerônimo”, afirmou o senador Jaques Wagner (PT) em entrevista à rádio Metrópole.

A oposição conquistou 103 prefeituras, com destaque para o PP, com 44 cidades, e o União Brasil, com 38. Os adversários do governador concentraram suas forças nas cidades grandes e médias, saindo vitoriosos em 19 dos 30 maiores municípios baianos.

ACM Neto, vice-presidente nacional do União Brasil e candidato derrotado ao governo em 2022, afirma que o partido passou por uma mudança de perfil nas últimas eleições municipais na Bahia.

“No passado, éramos um partido mais das pequenas cidades, mais de grotões. Hoje não, o partido foi mudando essa identidade e passou a ter um alcance e uma força maior nas grandes cidades”, afirmou o ex-prefeito, classificando o resultado como positivo.

A principal vitória do grupo oposicionista aconteceu em Salvador, onde Bruno Reis foi reeleito com 78% dos votos. O vice-governador Geraldo Júnior (MDB), que disputou a prefeitura como único nome da base do governador, foi superado por Kleber Rosa (PSOL) e amargou um terceiro lugar.

A vitória elástica fortaleceu o nome de Reis, que passou a ser citado como possível candidato a governador pela oposição em 2026. Mas a tese foi refutada por ele mesmo em seu discurso da vitória, no qual ungiu ACM Neto como seu candidato.

Aliados cobram uma maior presença do ex-prefeito de Salvador no interior do estado e afirmam que a eleição de 2026 dependerá também do cenário nacional –em 2022, a força do hoje presidente Lula (PT) foi considerada determinante para a vitória de Jerônimo.

Em 2022, ACM Neto se manteve neutro na eleição principal e foi fustigado pelos adversários, que o acusaram de favorecer Jair Bolsonaro (PL). Desta vez, há uma expectativa de que a sigla respalde eventual candidatura à Presidência do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil).

Por enquanto, ACM Neto tem apostado sua estratégia nas redes sociais com seguidas críticas ao governo Jerônimo, sobretudo no campo da segurança pública. A Bahia enfrenta uma disputa entre facções criminosas que ampliou a sensação de insegurança.

O governo do estado apresenta números que apontam uma redução das mortes violentas intencionais em 2023 e projeta uma nova queda em 2024. Por outro lado, ampliou o número de mortes decorrentes de ações policiais, fazendo da Bahia líder, com folga, em óbitos causados pelas forças de segurança.

No campo governista, Jerônimo deve ser candidato à reeleição em 2026, mas as demais peças do tabuleiro estão em aberto.

O principal imbróglio está nas duas vagas para o Senado que estarão em jogo na próxima eleição. Decano do PT baiano e responsável por iniciar o atual ciclo de 20 anos de governos petistas no estado, Jaques Wagner já afirmou que será candidato à reeleição.

A outra vaga será disputada pelo atual senador Angelo Coronel (PSD), que se apoia na força de seu partido nos municípios baianos, e pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa, que não concorreu na eleição de 2022 para manter a coesão de seu grupo político.

Em julho, Rui, ex-governador do estado, sinalizou que gostaria de concorrer ao cargo. Aliados do PT, contudo, resistem a um cenário em que o partido ocupe os três principais postos da chapa majoritária.

O embate tem ainda como pano de fundo o racha entre Jaques Wagner e Rui Costa, que disputam espaços dentro do PT, da base aliada e do governo Jerônimo. Aliados de ambos, contudo, descartam a possibilidade de um rompimento, cujo resultado seria a implosão da base petista na Bahia.

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Reportagens vão mostrar qual cenário político sai das urnas das eleições municipais em diferentes estados do país e o que isso projeta para o pleito de 2026.

Os textos irão retratar os principais atores na disputa, seja na linha de frente ou nos bastidores. Mostrarão também quem ganhou força ou saiu enfraquecido de 2024, assim como suas conexões nacionais e os maiores desafios de gestão locais que darão o tom da disputa presidencial e nos estados daqui a dois anos.

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