A construção de uma ampla aliança em torno da candidatura de Hugo Motta (Republicanos-PB) à presidência da Câmara aumentou a pressão para que os deputados baianos Elmar Nascimento (União Brasil) e Antonio Brito (PSD), que também almejam o posto, desistam da disputa.
O líder do Republicanos angariou apoios de PL, PT, PP, MDB e Podemos, que somam 312 deputados – o PCdoB seguirá o grupo e também formalizará aliança. Diante do movimento, a cúpula do União Brasil decidiu desembarcar do apoio a Elmar e irá anunciar nesta quinta-feira uma aliança com Motta.
A adesão em série à candidatura do deputado da Paraíba provocou uma corrida nos bastidores entre União Brasil e PSD, receosos de ficarem por último nas negociações e reduzirem seu poder de barganha.
Cada anúncio de apoio é precedido por tratativas entre as bancadas e o grupo de Motta de forma a garantir aos partidos espaços de poder no desenho da Câmara a partir do ano que vem.
Líderes partidários dizem que o PL, maior partido da Câmara, indicará a primeira vice-presidência da Casa, e o PT, segundo maior partido, vai ficar a primeira-secretaria. A terceira pedida por um cargo na Mesa Diretora da Câmara vai caber ao União ou ao PSD, a depender de quem anunciar primeiro o apoio ao candidato do Republicanos.
Deputados do PSD pressionam Brito e o presidente nacional da sigla, Gilberto Kassab, para que a legenda se apresse em retirar a candidatura e se antecipe ao União Brasil para ter prioridade na distribuição de espaços.
Com a consolidação do favoritismo de Hugo Motta, as discussões agora passam a ser sobre os espaços que os partidos terão.
A relatoria do orçamento é alvo de uma disputa entre MDB e União Brasil.
O partido de Elmar pediu para indicar o relator do Orçamento e o comando da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) em troca da retirada da candidatura e o apoio ao líder do Republicanos. Caso a CCJ fique com o União, Elmar deve ser indicado para comandar o colegiado.
O MDB, no entanto, se opôs. O líder do partido, Isnaldo Bulhões (AL), argumentou que esses espaços já estavam acordados com a legenda. Segundo relato de emedebistas, o partido faz questão de manter a relatoria do Orçamento.
A avaliação da cúpula do União Brasil é que Motta, que tem o apoio do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e dos principais partidos da Casa, tornou-se o favorito para comandar a Câmara e não há mais como concorrer contra ele. O partido teme ficar escanteado dos espaços da Casa se for para um confronto. Da mesma forma, deputados do PSD também receiam o isolamento.
O União ainda tenta convencer Elmar a desistir da candidatura, mas independentemente de o partido conseguir ou não acordo com o deputado, a legenda já decidiu que vai apoiar Motta. A dúvida agora é como acomodar Elmar e dar a ele uma “saída honrosa” para a disputa.