sábado 23 de novembro de 2024
Hugo Motta na Câmara dos Deputados — Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo
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quinta-feira 31 de outubro de 2024 às 06:21h

Sucessão de Lira: apoio de PT, PL e MDB a Hugo Motta esvazia candidatura de rivais

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O candidato à presidência da Câmara dos Deputados Hugo Motta (Republicanos-PB) ficou mais perto de reunir o amplo leque de partidos que elegeu Arthur Lira (PP-AL) na última eleição para o cargo. Após o movimento deflagrado pelo próprio Lira, que deu aval ao parlamentar do Republicanos, PT, PL, MDB e Podemos fecharam o apoio ontem, esvaziando assim as pretensões de Elmar Nascimento (União Brasil) e Antonio Brito (PSD). Estão na mesma frente, com apoio já formalizado, PP e a sigla de Motta, Juntas, as legendas somam 312 deputados, o suficiente para emplacar o postulante em primeiro turno.

Com a avalanche de apoios declarados no dia de ontem, a cúpula do União Brasil planeja segundo Gabriel Sabóia e Lauriberto Pompeu, do O Globo, anunciar nesta quinta-feira (31) o aval ao deputado que concorre contra Elmar.

Para isso, dirigentes da sigla tentam fazer com que o líder do União Brasil na Casa desista da disputa. A avaliação é que Motta é o favorito e não há como concorrer contra ele. O partido teme ficar escanteado na Casa se for para um confronto.

Integrantes da legenda já procuraram o parlamentar para um acordo e trabalhavam na noite de ontem para convencê-lo a recuar.

Novo cenário

Elmar era o nome defendido inicialmente por Lira, mas perdeu o apoio depois que o dirigente da Casa declarou ver, com a candidatura de Motta, mais condições para a convergência.

O líder do União tinha firmado um pacto com Brito, e os dois buscavam fazer um bloco com partidos governistas. Agora, a pressão para desistir também recai sobre o líder do PSD na Casa.

Segundo interlocutores do deputado, o presidente do PSD, Gilberto Kassab, entrou ontem em contato com o presidente do Republicanos, o deputado Marcos Pereira (Republicanos-SP), para falar sobre a imposição da realidade e o novo cenário na Casa.

Sem PT e MDB, a articulação de União e PSD para formar uma frente governista e disputar a presidência da Câmara fracassou. Perguntado pelo jornal O Globo se manteria a candidatura mesmo sem o apoio de petistas, Elmar foi lacônico.

— Nunca fui candidato do PT — disse o candidato.

Já o líder do PT, Odair Cunha (PT-MG), após reunião da bancada, disse ter “profundo respeito” pelos demais concorrentes, mas afirmou que a opção foi por Motta.

— A bancada do Partido dos Trabalhadores, compreendendo a importância de reafirmar os princípios democráticos do Estado Democrático de Direito, para garantir o funcionamento adequado dos partidos aqui da Casa, irá compor bloco que vai apresentar a candidatura do nosso deputado Hugo Motta.

No início da noite, o líder do MDB na Casa, Isnaldo Bulhões (MDB-AL), que chegou a ser um dos concorrentes na disputa no início do ano, anunciou o apoio ao parlamentar do Republicanos. Ele elogiou a postura de Brito e Marcos Pereira, que retirou sua candidatura a favor de Motta.

— É o início de uma construção partidária junto com o que você representa na sua correção na política — disse o emedebista.

Já o PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, também anunciou apoio a Motta após um dia de idas e vindas. Após a declaração de apoio do MDB, o líder da sigla, Altineu Côrtes, fez o comunicado:

— O apoio do PL está formalizado. Formalizamos agora à noite uma absoluta maioria do partido apoiando a candidatura do deputado Hugo Motta — disse ele.

Pela tarde, em reunião na sede do partido, houve resistência de uma ala de deputados do chamado “bolsonarismo raiz”, que defende uma candidatura própria. Os parlamentares apresentaram uma série de reivindicações em relação a pautas, que serão repassadas ao deputado do Republicanos.

— Alguns deputados têm um desejo de candidatura própria, mas dissemos que temos um entendimento pelo Hugo. A questão são as pautas apresentadas pelos deputados, que serão apresentadas a ele — afirmou o líder do PL.

O deputado Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PL-SP) não escondeu a insatisfação com a escolha:

— Lira foi o pior presidente de Poder que esse país já teve. Nunca respeitou o trabalho das comissões, por exemplo. Estão esperando mudanças por meio de um indicado por ele? É inaceitável.

Em encontro com alguns deputados bolsonaristas, pela manhã, Motta recebeu uma lista de demandas e projetos considerados prioritárias pela bancada. A PEC das Drogas e o PL da Anistia estão entre os pontos. Motta teria prometido dar seguimento aos temas.

Anteontem, Lira atuou em duas frentes para cacifar Motta ao comando da Casa em fevereiro de 2025. Pela manhã, anunciou publicamente o seu apoio à candidatura do aliado. O parlamentar também utilizou uma manobra regimental para retardar a tramitação da proposta que trata da anistia aos envolvidos no 8 de Janeiro. A intenção era que o tema não fosse utilizado como barganha pelo PL para apoiar um dos candidatos. Também abriu portas para o PT chancelar de uma vez o apoio a Motta, já que o parlamentar não precisaria se comprometer com a pauta agora.

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