“A taxa de câmbio serve para humilhar os economistas” é uma frase conhecida no mercado e repetida várias vezes, até entre risadas, quando algum deles tenta estimar a cotação do dólar.
Para se ter uma ideia da volatilidade dessa variável, na manhã de terça-feira, 29, a moeda americana oscilou em torno de R$ 5,70. Segundo o relatório Focus dessa semana, a mediana das expectativas para a taxa de câmbio no fim do ano é de R$ 5,45. Em janeiro, as projeções apontavam para um dólar abaixo dos R$ 5. Mas afinal, o que faz o dólar ser um componente tão desafiador de se prever?
“O câmbio é uma das variáveis econômicas mais complexas e mais difíceis de prever, justamente por conta dos diversos fatores que o afetam”, diz Bruna Sene, analista de renda variável da Rico.
“Ele é influenciado por uma combinação de fatores não só econômicos, mas também fatores políticos e algumas questões emocionais, como a própria percepção de risco dos investidores”
Para o economista-chefe da Nomad, Danilo Igliori, a dificuldade de previsão também acontece porque a trajetória do dólar depende da dinâmica de dois mercados – os emissores de cada uma das moedas.
“A natureza volátil do câmbio faz com que seja uma variável muito sensível ao noticiário e a dinâmicas de muitos mercados diferentes”
Outro componente importante é o diferencial de juros entre os Estados Unidos e o Brasil. Isso porque “a atratividade de investir em mercados mais arriscados que o americano passa por avaliar a atratividade dos juros oferecidos por aquele mercado”, diz Igliori. Ou seja, se as taxas nos EUA estão elevadas, os investidores pensam duas vezes antes de arriscar em outros mercados, como o brasileiro.
Como investir em dólar nesse cenário?
Se há tanta incerteza nesse mercado, como os investidores podem se posicionar? Para os especialistas, a resposta para isso é recorrência e diversificação.
“A imprevisibilidade do câmbio e a natureza de ‘porto-seguro’ do dólar fazem com que a regra de ouro para investir no exterior seja a recorrência. É a única maneira de evitar se expor demasiadamente a um momento desfavorável, formando um preço médio ao longo de aportes espaçados”, diz Igliori. Ou seja, melhor investir pouco a pouco, em diferentes momentos, do que fazer um aporte único nesse mercado.