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O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres. - Foto: Lev Radin/Getty Images
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quarta-feira 30 de outubro de 2024 às 10:34h

Antonio Guterres diz que a ONU é “indispensável” em Gaza

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Secretário-geral da ONU lamenta decisão do parlamento israelense de vetar atuação da principal agência de ajuda humanitária; bombardeios deixam centenas de mortos em Gaza nesta terça, incluindo crianças. O Secretário-Geral das Nações Unidas, Antonio Guterres, disse nesta última terça-feira (29) que a decisão de proibir a atuação da agência de refugiados palestinos da ONU (UNRWA) em Israel “pode ter consequências devastadoras para os refugiados palestinos no Território Palestino Ocupado, o que é inaceitável”.

“Em meio a toda essa agitação, a UNRWA, mais do que nunca, é indispensável. A UNRWA, mais do que nunca, é insubstituível”, disse Guterres, em comunicado.

O Knesset – o parlamento israelense – aprovou na segunda-feira, com maioria esmagadora, duas leis que ameaçam o trabalho de ajuda da UNRWA na Faixa de Gaza, apesar das objeções dos Estados Unidos e dos alertas do Conselho de Segurança da ONU.

As leis têm o poder de proibir as operações da UNRWA em territórios israelenses e dissolver a organização, classificada por Israel como uma organização terrorista.

A agência da ONU é a principal fornecedora de ajuda humanitária na Faixa de Gaza. A decisão do parlamento israelense pode ameaçar não só o seu trabalho, como gerar um efeito cascata em toda a ajuda ao enclave, dado o controle de travessias de fronteira por Israel.

O governo israelense acusa a UNRWA de estar envolvida no ataque terrorista de 7 de outubro, alegando que a organização de ajuda foi infiltrada pelo Hamas.

As alegações levaram vários países doadores — incluindo os Estados Unidos, a União Europeia e a Alemanha — a suspender as contribuições para a UNRWA.

A ONU iniciou uma investigação interna sobre as acusações. Em uma declaração publicada em 5 de agosto de 2024, disse que nove funcionários da UNRWA foram demitidos devido a um possível envolvimento nos ataques liderados pelo Hamas contra Israel em 7 de outubro de 2023. Denúncias contra dez outros funcionários não puderam ser comprovadas.

Bombardeios israelenses matam mais de cem

Nesta terça-feira (29), um dia após a decisão do parlamento israelense, dois ataques aéreos mataram mais de cem palestinos no norte da Faixa de Gaza, incluindo dezenas de mulheres e crianças, conforme informou o Ministério da Saúde de Gaza.

Um dos bombardeios destruiu um prédio residencial de cinco andares que abrigava famílias deslocadas pela guerra na área densamente povoada de Beit Lahiya.

Israel intensificou seus ataques aéreos e operações terrestres no norte de Gaza nas últimas três semanas, sob o argumento de que quer eliminar militantes do Hamas que se reagruparam após mais de um ano de guerra.

De acordo com autoridades palestinas, as forças israelenses mataram mais de mil pessoas nesse cerco recente ao norte da Faixa.

Em pouco mais de um ano de acirramento do conflito, mais de 40 mil palestinos foram mortos, a maioria civis. O conflito também obrigou quase toda a população palestina a se deslocar – há cerca de 2,3 milhões de pessoas vivendo em tendas improvisadas, sem acesso a itens e serviços básicos como água potável, comida e assistência médica.

Ajuda humanitária insuficiente

O porta-voz do Departamento de Estado americano, Matthew Miller, afirmou que autoridades dos Estados Unidos entraram em contato com Israel para pedir explicações sobre o que aconteceu em Beit Lahiya nesta terça.

“Estamos profundamente preocupados com a perda de vidas civis neste incidente. Foi um incidente horrível com um resultado horrível”, declarou.

Ele também condenou a decisão do parlamento israelense de banir a atuação da UNRWA e disse que pode haver “consequências” para a decisão sob a lei americana.

O governo de Joe Biden manifestou preocupação sobre o potencial das leis de agravar a crise humanitária em Gaza e prejudicar palestinos em Jerusalém Oriental e na Cisjordânia, cujo acesso é controlado por Israel.

A UNRWA fornece há décadas ajuda humanitária e serviços de saúde e educação a palestinos. Os projetos de lei aprovados nesta segunda impedem a continuidade desse trabalho. Há mais de 1,8 milhão de pessoas em Gaza em situação de insegurança alimentar aguda, de acordo com a agência.

O Programa Mundial de Alimentos (PMA) da ONU pediu ação imediata para evitar a fome na Faixa de Gaza, alertando que a crise humanitária pode piorar em breve devido às severas restrições aos fluxos de ajuda.

“A operação humanitária em Gaza, se for desfeita, é um desastre dentro de uma série de desastres e simplesmente não dá para pensar sobre isso”, disse o porta-voz da UNRWA, John Fowler. Ele disse que outras agências da ONU e organizações internacionais que distribuem ajuda em Gaza dependem de sua logística e milhares de trabalhadores.

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