quinta-feira 21 de novembro de 2024
Projeto chamado de “Regime Penal Juvenil”, que visa endurecer a política criminal da Argentina, foi apresentado pelo governo de Javier Milei nesta última sexta-feira, 28. Foto: Michal Cizek/AFP
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terça-feira 29 de outubro de 2024 às 06:40h

Risco-país da Argentina cai e aprovação de Javier Milei cresce

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O risco-país da Argentina, um reflexo de como investidores veem a dívida do país, caiu nesta segunda-feira, 28, para seu nível mais baixo desde meados de 2019, refletindo o aumento do otimismo do mercado no governo do presidente Javier Milei.

O benchmark de risco do J.P. Morgan, que mostra o spread dos rendimento dos títulos em relação à dívida comparável do governo dos Estados Unidos, caiu 48 pontos e ficou em 919, enquanto os títulos soberanos subiram 1,2%.

Na sexta-feira, o índice caiu abaixo do nível-chave de 1.000 pontos-base, um reflexo da crescente confiança dos investidores desde que Milei assumiu o cargo em dezembro passado.

Nos últimos dez meses, seu governo cortou drasticamente os gastos estatais, trabalhou para reconstruir as reservas internacionais esgotadas e, ao mesmo tempo, conseguiu reduzir a taxa de inflação.

Aprovação de Milei

O governo do economista ultraliberal consegue manter um número importante de pessoas vendo com bons olhos a sua gestão apesar da recessão e do aumento da pobreza que afeta 52,9% dos argentinos.

Em meio ao forte reajuste do gasto público e uma reorganização das contas do país, a queda na inflação e os sinais tímidos de recuperação em alguns setores da economia jogaram a favor da melhora da imagem presidencial, ainda que em meio a protestos gigantescos de universitários e aposentados.

Em outubro, ele recuperou níveis de popularidade após uma queda registrada nos últimos dois meses, de acordo com pesquisas de opinião divulgadas nesta segunda-feira.

Levantamento da Universidade Torcuato Di Tella mostrou que a taxa de aprovação de Milei foi de 2,43 pontos em outubro, alta de 12,2% ante a setembro. “Com 2,43, o índice chega perto da média de confiança da era Milei, de 2,50 pontos durante os 11 meses de gestão”, indicou a pesquisa com 1.000 pessoas em 41 localidades em todo o país entre os dias 2 e 15 de outubro, com margem de erro de +-0,062.

Outro levantamento, da consultora Aresco, mostrou também que foi interrompida a tendência de baixa e que para 53,7% dos entrevistados o presidente tinha uma imagem positiva com a melhora no panorama econômico, ante a 46,3% com uma imagem negativa.

Protestos das universidades

O avanço na popularidade de Milei ocorre em meio a protestos. As universidades públicas realizaram ao longo do mês grandes manifestações, com o apoio de sindicatos e partidos de oposição, para protestar contra os cortes drásticos nos gastos públicos implementados pelo presidente Javier Milei.

“O governo tem um plano sistemático, metódico e gradual para destruir a educação pública”, disse Ricardo Gelpi, reitor da Universidade de Buenos Aires, em um comunicado. A universidade é a maior do país e está classificada entre as 100 melhores do mundo, de acordo com o ranking da QS.

O governo tem justificado repetidamente os cortes orçamentários ao alegar que as universidades públicas são locais de doutrinação “socialista”, mas a boa reputação das instituições de ensino superior entre os argentinos tem resultado em ampla resistência social.

“Esse governo vai vetar uma lei de financiamento que representaria uma porcentagem muito pequena do PIB do país”, disse Gelpi, acrescentando que o Executivo não se importa com a educação, a ciência ou o aspecto social das universidades.

Milei alega que seu plano econômico trabalha em prol do equilíbrio fiscal da economia argentina, mas seus oponentes dizem que seus ajustes não têm sido cuidadosos ou equitativos e têm prejudicado pessoas mais vulneráveis e setores mais sensíveis, como saúde e educação.

De acordo com a Universidade de Buenos Aires, que conta com cinco ganhadores do Prêmio Nobel entre seus graduados, os professores universitários e os funcionários não docentes perderam cerca de 40% de seu poder aquisitivo desde dezembro, “um número que continua se deteriorando ainda mais” para permanecer abaixo da linha da pobreza.

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