As eleições de 2024 em São Paulo registraram conforme João Vitor Revedilho, da IstoÉ, o maior índice de abstenção da história, superando até os votos de Guilherme Boulos (PSOL), derrotado na disputa pela Prefeitura da capital paulista. Neste ano, 31,5% do eleitorado deixou de votar, contra 30,8% em 2020, ano em que a pandemia provocou uma alta na desistência do voto.
De acordo com os dados do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP), 2.940.360 eleitores se abstiveram de votar neste segundo turno. Na primeira etapa da eleição, esse número era de 2.548.857 eleitores.
O número é ainda maior se comparado aos votos de Boulos neste domingo, 27. O candidato do PSOL obteve 2.323.901 votos, cerca de 600 mil votos a menos que a abstenção. Guilherme Boulos encerrou a apuração com 40,6% dos votos válidos.
Nem o vencedor da disputa, o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB), escapou dos números dos eleitores que não se sentem representados pelos candidatos. Somando-se as abstenções e os votos brancos e nulos, temos 3.605.433 eleitores, cerca de 300 mil a mais do que Nunes conquistou neste segundo turno. O reeleito angariou 3.393.110 eleitores, o que representa 59,3% dos votos válidos.
Os números podem ser explicados pelo “efeito Pablo Marçal” (PRTB) nas eleições deste ano. O coach, que obteve 1,7 milhão de votos no primeiro turno, movimentou o cenário eleitoral e enfraqueceu a candidatura de Ricardo Nunes (MDB) entre os bolsonaristas, além de contribuir para o aumento da rejeição do prefeito.
No segundo turno, Marçal ensaiou apoio a Nunes, mas recuou e declarou que não votaria em nenhum dos candidatos ao Edifício Matarazzo. Em uma live com Boulos, sugeriu que optaria pelo voto nulo, que também aumentou de um turno para outro.