quarta-feira 16 de outubro de 2024
Diálogos descobertos por advogados que tiveram acesso ao material mostram que a força-tarefa de Curitiba criou uma espécie de plataforma clandestina, batizada de "Sisdelatio", para centralizar arquivos de delações - Foto: Reprodução/Radar/Veja/MPF
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terça-feira 15 de outubro de 2024 às 11:35h

Lava-Jato usou sistema clandestino para investigar políticos

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Procuradores compartilhavam delações assinadas e rejeitadas num sistema que era consultado tanto no Paraná quanto no Rio de Janeiro

Segundo Robson Bonin, da coluna Radar, as mensagens da Operação Spoofing, que resultaram no escândalo da Vaza-Jato, acabam de ampliar o inventário de possíveis ilegalidades cometidas pelos investigadores da Operação Lava-Jato.

Diálogos descobertos por advogados que tiveram acesso ao material mostram que a força-tarefa de Curitiba criou uma espécie de plataforma clandestina, batizada de “Sisdelatio”, para centralizar arquivos de delações — termos de depoimentos e anexos com provas de corroboração — fechadas, em andamento e até não formalizadas.

Numa dessas mensagens, o chefe da força-tarefa paranaense, Deltan Dallagnol, oferece a plataforma a colegas da força-tarefa do Rio de Janeiro, que também aceitam compartilhar provas nessa via informal: “Colegas do RJ, temos um super sistema em que colocamos todos os termos de delação e anexos, inclusive de acordos não fechados. Vcs querem se integrar ao sistema? Podemos unificar nossas bases e vcs terem acesso integral tb, que tal?”

Essa biblioteca de confissões ficava disponível para consulta de investigadores tanto da força-tarefa do Paraná quanto do Rio de Janeiro, o que agora deve motivar uma nova leva de ações contra a Lava-Jato para derrubar investigações, já que as provas colhidas nessa ferramenta eram, em muitos casos, ilegais — dado que os investigadores não poderiam usar conteúdos de acordos não assinados nem partilhar provas dessa maneira.

“Colegas do GT, não sei se todos sabem, mas o sisdelatio tem também os anexos de acordos não fechados, que não devem ser usados para iniciar investigações, embora possam ser consultados, até para avaliar se a relevância mudou em face de novas informações…”, escreve Deltan.

Um dos diálogos registrados pela força-tarefa mostra ainda de acordo com o colunista da Veja, que a ferramenta “Sisdelatio” foi usada para consultar elementos contra o atual presidente da Câmara, Arthur Lira, que tinha foro no STF, mas ainda assim foi alvo da força-tarefa de Curitiba.

“Esses pgtos do lira envolveram prc (Paulo Roberto Costa e ay (Alberto Youssef), mas acho que ninguém está companhando? O ay pagou o lira por meio da Câmara”, escreve Andrey Mendonça no grupo da força-terafa. “Tem os anexos antigos, achei no sisdelatio… mas só coisa que subiu e não desceu”, responde outro procurador.

Os termos “subiu” e “não desceu” revelam, na avaliação de juristas ouvidos pelo Radar, que os procuradores, apesar de não terem prerrogativa para apurar fatos relacionados a autoridades com foro no Supremo, analisavam provas que estavam na Corte e faziam procedimentos ignorando essa limitação.

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