Circula pelas redes sociais um vídeo que mostra o presidente Lula da Silva (PT) vestindo um keffiyeh – vestimenta tradicional árabe. Nas imagens, o petista recebe o adereço de um homem vestido de calça jeans e camisa polo na cor preta. Publicações alegam que Lula teria sido nomeado o novo líder do grupo libanês Hezbollah, após a morte de Hassan Nasrallah, morto por Israel em 27 de setembro. É falso.
Por WhatsApp, leitores da Lupa sugeriram que o conteúdo fosse analisado. Confira a seguir o trabalho de verificação:
@issamsidom @Presidente Lula #lula #lula2022 #lulapresidente2022 #lulapresidente #libano #lulapresidente2022❤️ #libanon🇱🇧
O presidente Lula não foi aceito como novo líder do Hezbollah e não há qualquer informação publicada de que ele tenha relação com o grupo libanês. O homem que aparece no vídeo ao lado do presidente é o empresário Issam Sidom, dono da doceria Alyah, em São Paulo (SP).
O encontro aconteceu no final de junho de 2024 e o vídeo foi publicado pelo próprio empresário nas redes sociais. Além de Lula e Sidom, estavam presentes o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e mais uma pessoa, vestida com uma camiseta da doceria Alyah.
Sidom disse à Lupa, em entrevista por vídeo, que encontrou Lula e Haddad durante uma entrega dos produtos de sua doceria. De acordo com o empresário, ele costuma atender clientes da comunidade libanesa, como é o caso de Haddad e do ex-presidente Michel Temer, mas também já se encontrou com o ex-presidente Jair Bolsonaro.
“No meu restaurante vai direita e esquerda. Aqui é bandeira branca. Eu prego paz (…) Tenho muito amigo judeu, muito amigo muçulmano, muito amigo cristão. Esse lenço [keffiyeh] eu coloco em todo mundo. Hoje em dia, o libanês não consegue ir para o Líbano. Então, eu faço a cultura do Líbano aqui. Eu me orgulho do meu povo”, contou o empresário.
Dados da Palver, parceira da Lupa no monitoramento de grupos públicos no WhatsApp e Telegram no Brasil, mostram que a mensagem de que Lula seria o novo líder do Hezbollah circulou em ao menos 25 grupos no WhatsApp e alcançou 10 mil usuários. Das 28 diferentes publicações que circularam no aplicativo de mensagens, 14 receberam o selo de spam.