terça-feira 8 de outubro de 2024
Furacão Milton se aproxima da Flórida — Foto: CIRA/Universidade do Colorado
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terça-feira 8 de outubro de 2024 às 16:25h

Categoria 6? Furacão Milton pode inaugurar nova categoria de superfuracões

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Depois de se tornar o furacão com a intensificação mais rápida de que se tem registro, Milton volta a fazer história antes mesmo de tocar o solo da Flórida, o que deve ocorrer nesta quarta-feira (9). Ele pode adicionar uma nova categoria máxima à escala que mede o poder destrutivo dos furacões, a de número 6, com ventos superiores a 307 km/h.

Num estudo publicado este ano no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), cientistas propuseram a criação de uma categoria 6 para classificar os furacões mais poderosos, que têm se formado em decorrência do aquecimento do mar associado a mudanças climáticas. Milton se adequa à perfeição à descrição dos cientistas.

Se nada mudar, ele será mais destrutivo do que o Helene, um furacão categoria 4 (ventos de 225 km/h), que atingiu a Flórida e a Carolina do Norte há duas semanas e matou mais de 200 pessoas.

O Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos (NHC, na sigla em inglês) prevê que Milton chegará à Flórida na categoria máxima atual, a 5, com ventos superiores a 250 km/h e danos potencialmente catastróficos. Mas tem características tão explosivas que poderá passar dos 300 km/h. Milton se alimenta das águas excepcionalmente quentes do Oceano Atlântico, que continuam a lhe dar energia.

Segundo o NHC, a chance maior de o furacão perder força será a instabilidade dos ventos no Golfo do México. Furacões precisam de ventos “organizados” para se formar e se manter poderosos. Ventos instáveis podem desorganizar o furacão, que nada mais é do que um colossal sistema de tempestades.

Mas, por enquanto, Milton segue causando preocupação. Imagens captadas pela Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês) na segunda-feira deixaram meteorologistas atônitos. O furacão, formado por milhões de nuvens de tempestade, girava com ventos superiores a 290 km/h em torno de um olho extremamente pequeno. O Instituto Cooperativo para a Pesquisa da Atmosfera da Universidade do Colorado (CIRA) detectou grande atividade de relâmpagos em torno do olho.

Milton é o que os meteorologistas chamam de furacão com olho de alfinete, uma expressão enganosa. Pois, o olho pequeno, com apenas alguns poucos quilômetros de diâmetro, não quer dizer que seja menos poderoso. Ao contrário, significa que ele pode se intensificar rapidamente, se tornando extremamente letal, por indicar que sua área fora é tão grande que comprime o centro.

O meteorologista Noah Bergren, da rede de TV Fox, postou em redes sociais que Milton “está se aproximando dos limites matemáticos dos efeitos da interação da atmosfera com o oceano”.

Na segunda-feira, o furacão passou da categoria 1 a 5 em menos de um dia, fato jamais registrado e o exemplo mais extremo do que os meteorologistas de intensificação rápida.

Nesta terça-feira, ele baixou para a categoria 4 (ventos de 211 a 249 km/h, danos extremos). Mas a previsão do NHC é que ele voltará à categoria 5 e poderá romper esse patamar, estabelecendo uma categoria 6. Tudo depende do padrão de ventos no Golfo do México.

Imagens captadas pelo satélite GOES-19, da Agência de Oceanos e Atmosfera dos EUA (NOAA), mostram intensa formação de nuvens de tempestade. Nuvens do tipo que podem despejar chuva diluviana e produzir tornados.

Escala de força

O poder de destruição dos furacões é classificado na escala Saffir-Simpson, baseada na velocidade do vento. A categoria mais baixa é a 1, com ventos de 119 a 153 km/h. O Catarina, o único furacão já observado no Brasil, em 2004, era da categoria 1.

Até o momento, a categoria mais destrutiva é a 5, com ventos superiores a 250 km/h. Cabe notar que não se trata de rajadas, mas sim de ventos sustentados, constantes, que podem soprar por horas ou mesmo dias e imenso poder de destruição.

Nas últimas duas décadas, porém, os oceanos têm se aquecido. E, desde 2023, a elevação de temperatura se tornou excepcional. A água quente é combustível para gerar e manter furacões e outros ciclones porque libera mais vapor para atmosfera, energia para sustentar e fortalecer tempestades.

Os furacões ganham mais fôlego para chegar à terra com ventos intensos e muita chuva. Causam também mais poderosas marés de tempestade — o avanço do mar sobre o continente.

Tudo isso é a receita para que furacões mais devastadores se formem e tenham potência para causar destruição na terra, superando a velocidade de 300 km/h e justificando a criação de uma categoria 6.

Tampa vulnerável dos EUA

E mesmo que não chegue a essa categoria, poderá causar danos catastróficos na Flórida. A área metropolitana de Tampa e St. Petersburgo é considerada a mais vulnerável do Estados Unidos aos efeitos de marés de tempestade de furacões, segundo um relatório da consultoria Karen Clark & Company.

Um furacão de categoria 4, com ventos máximos de 240 km/h, teria capacidade de provocar prejuízos de US$ 230 bilhões somente com a maré de tempestade.

Devido à sua localização, Tampa não tem sido muito atingida por furacões, que passam ao largo. Isso tem salvado a região das consequências de outro risco: o fato de sua linha costeira estar à frente de águas particularmente rasas da plataforma continental (menos de 100 metros de profundidade a 150 quilômetros da costa), que criam as condições ideais para grandes marés de tempestade se formarem.

A última vez que Tampa foi atingida por um furacão foi em 1946, um de categoria 1. O maior furacão conhecido em Tampa foi um de categoria 3, em 1921. Fora ele, só se tem registro em 1848 de um furacão cuja categoria é estimada entre 3 ou 4 pelos danos que provocou.

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