Ao lado dos irmãos, o comerciante Sílvio Roberto, de 63 anos, começou a trabalhar na sapataria do pai aos oito anos, na Rua do Taboão, no Comércio. Desde essa época, tem a visão do Elevador do Taboão – um dos principais meios de transporte entre as cidades Alta e Baixa – completamente paralisado e abandonado ao longo dos anos. No entanto, em um ano, a imagem deverá ser completamente diferente, com a revitalização a ser feita pela Prefeitura no equipamento.
A ordem de serviço para início imediato das obras foi assinada no local, nesta quarta-feira (5), pelo prefeito ACM Neto, acompanhado do vice e secretário de Infraestrutura e Obras Públicas (Seinfra), Bruno Reis, demais gestores e autoridades municipais, comunidade e imprensa. Com previsão de conclusão em 12 meses e investimento de quase R$4 milhões, a recuperação do ascensor, também conhecido como Balança do Taboão, é integrante da série de ações do programa Salvador 360, eixo Centro Histórico.
O prefeito salientou que a intervenção foi feita devido ao forte apelo turístico e econômico da região do Comércio. “No caso do Elevador do Taboão, o equipamento estava fechado há mais de 50 anos. Era um projeto que seria feito inicialmente com recursos do governo federal, através do PAC Cidades Históricas, mas que resolvemos tocar com recursos próprios do município. Um projeto inovador e moderno que conserva as características históricas do elevador e que ajudará na integração das cidades Baixa e Alta”, explicou.
O gestor destacou ainda que houve um apelo de muitos anos dos moradores e comerciantes para que o equipamento fosse revitalizado. A medida fecha a série de requalificação dos ascensores da cidade, que incluiu o Elevador Lacerda e os planos inclinados Gonçalves, Pilar e Liberdade/Calçada. “Isso dentro do contexto de diversos investimentos que a Prefeitura vem fazendo, na ordem de R$300 milhões, entendendo que, em pouco tempo, o panorama desta região vai mudar completamente”, avaliou ACM Neto.
Sílvio Roberto contou que, sem o Elevador do Taboão, o movimento foi caindo ao longo dos anos. Inclusive, ele e os irmãos evitaram que peças do equipamento fossem furtadas, na esperança de que, um dia, voltasse a funcionar. “Essa reforma abre uma coisa a nível mundial, não só pra gente, mas também para todo o cenário da Bahia e do Brasil. Afinal de contas, é um equipamento turístico e histórico”, pontuou.
Processo
O projeto de requalificação foi desenvolvido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), sendo cedido e debatido com a Prefeitura, por meio da Fundação Mário Leal Ferreira (FMLF) e da Seinfra, responsável pela intervenção. A ideia é de contemplar a restauração integral do elevador e das duas estações de acesso nos níveis inferior e superior, além de intervenções de modernização das instalações, buscando adequar a edificação às normas técnicas vigentes, inclusive de acessibilidade universal.
Haverá áreas com mesas, sanitários e café. Já as duas cabines, com capacidade para 13 pessoas cada, serão climatizadas e terão um aspecto completamente moderno com materiais e coloração que não desvirtuará a estética da estrutura original, se integrando perfeitamente ao resgate do uso original do monumento.
“Essa é uma obra estratégica de revitalização do Centro Antigo de Salvador. O Elevador do Taboão possui grande importância histórica, turística e de mobilidade na cidade. Com a recuperação do equipamento, deve surgir diversas oportunidades de negócios e que vão gerar emprego e renda na localidade”, salientou o vice-prefeito e secretário Bruno Reis.
Outras ações
Em breve, a Prefeitura também iniciará as obras de recuperação dos Arcos da Ladeira da Montanha e da muralha do frontispício de Salvador. Ambos os projetos também foram elaborados pelo Iphan, e intervenções serão executadas pelo município.
“Essa é uma parceria entre a Prefeitura e Iphan, estabelecida desde 2013, que têm possibilitado diversas ações na área do Centro Antigo e que só vem a somar para a recuperação do patrimônio histórico da cidade. Os olhares, felizmente, estão sendo voltados para o Centro Histórico”, afirmou o superintendente do Iphan na Bahia, Bruno Tavares.