O presidente nacional do PL, Valdemar da Costa Neto, voltou atrás quanto à possibilidade de deixar a direção do partido nas mãos do deputado Eduardo Bolsonaro (SP). A troca de comando da legenda passou a ser discutida pelo fato de Valdemar estar proibido de ter contato com o ex-presidente Jair Bolsonaro. A medida foi imposta pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), após os dois se tornarem alvo de investigação que apura suspeitas de tentativa de golpe de estado.
A mudança no comando do PL chegou a ser citada ontem por Bolsonaro em uma “live”. Na ocasião, ele citou a vontade de ter o filho à frente do partido, com Valdemar ficando com o cargo de vice para cuidar de questões administrativas.
— Conversei com o Eduardo. Não posso conversar com o Valdemar. Perseguição política pura. Mas isso vai ter um fim um dia se Deus quiser. Então, com o Eduardo assumindo o partido, o Valdemar passaria a ser vice e eles poderiam conversar melhor entre eles. Eu converso diretamente com o Eduardo e muitas decisões nós vamos tomar — disse Bolsonaro.
Para Valdemar, no entanto, Eduardo não poderia ter a dedicação necessária que a função de presidente do PL necessita.
— A administração do partido requer dedicação exclusiva e o Eduardo é uma estrela e terá atribuições maiores no cenário político nacional, de modo que não dispõe de tempo suficiente para exercer a função — afirmou Valdemar ao jornal O Globo, dizendo não ter tratado do assunto com Eduardo ainda.
O próprio manda-chuva do PL, porém, havia aberto a possibilidade de o deputado assumir o cargo e, em declaração ao jornal Correio Braziliense, chegou a afirmar que a ideia partiu dele.
Eduardo também confirmou que poderia assumir o PL em entrevista à CNN na sexta-feira, mas disse que ainda conversaria com Valdemar e com o pai.
— Fico feliz com essa possibilidade. Mas irei conversar antes com Jair Bolsonaro e com Valdemar Costa Neto. Eu continuo seguindo meus princípios, sigo o meu pai, cumpro missão do Jair Bolsonaro e quero carta branca do partido para representar os valores dos conservadores do Brasil — afirmou.