Com o objetivo de construir cada vez mais rápido para aumentar a margem de lucro, o setor de construção civil tem investido cada vez mais em inovação tecnológica e novos materiais para deixar os processos da construção mais ágeis e rápidos. Um desses é o sistema de painéis de concreto leve.
A Lightwall inaugurou em setembro em Rio Claro (SP) a sua segunda fábrica no país. As placas de cimento são ‘recheadas’ com uma mistura de concreto e isopor, e o sistema de construção lembra o encaixa de peças de Lego. Recentemente, a empresa publicou um vídeo em que uma casa de 42 m² foi construída do zero em 1h55.
Assista:
O CEO da Lightwall Brasil, Marcos Fernando Araújo, explicou que a ideia por trás do desenvolvimento do material surgiu em uma viagem de seu pai para Portugal, que viu o quanto de material era desperdiçado na construção civil.
“Meu pai estava investindo em uma fábrica de pré-moldados e foi até Portugal entender melhor o negócio. Ele viu que muitos painéis de concretos estavam no lixo e perguntou porque aquilo estava no lixo. A resposta foi que em Portugal não se constrói mais casas. Como o Brasil é um país continental, a realidade aqui e outra, então meu pai trouxe um primeiro container com o material em 2016”
Araújo explicou que a empresa foi inscrita em um processo para desenvolver novos materiais para a construção de casas populares do Minha Casa Minha Vida em 2021, e acabou vencendo o processo.
Entre os projetos já erguidos com a tecnologia da Lightwall estão casas populares, prédios residenciais, resort e faculdade. A primeira fábrica foi construída em Recife (PE). A empresa quer investir R$ 220 milhões para terminar o ano de 2025 com 5 novas fábricas. De acordo com a empresa, as duas fábricas são capazes de produzir material o suficiente para construir 20 mil casas populares por ano.
Do que é feito o material?
Os blocos de Lighwall possuem o seu interior feito de cimento e isopor, o que, segundo o fabricante, consegue garantir um conforto térmico e acústico ao mesmo tempo que pesa muito menos que o concreto tradicional. A parte de fora é feita da chamada placa cimentícia, que é composta de cimento, celulose e outros materiais e passa por um processo de impermeabilização.
Araújo explica que uma das inovações do material é o seu nível de personalização, podendo ser feito de diversos tamanhos, de acordo com a necessidade do projeto. O encaixe das peças é similar ao do brinquedo Lego, já que elas possuem encaixes macho e fêmea e só precisam de uma massa corrida para se fixar um no outro.
A empresa promete que a construção leva cinco vezes menos tempo do que nos métodos tradicionais e que pode custar quatro vezes menos.
Construção de 100 casas em 3 meses
Um dos cases do material aconteceu na cidade de Rio Claro, no interior de São Paulo. Gabriel Menegatti é diretor da companhia e da construtora MNGT. Com 4 mil terrenos para a contrução de casas populares na cidade, ele apostou no material para ganhar velocidade no processo e já conta com 100 casas construídas em três meses.
“Tínhamos quatro mil terrenos para construir em Rio Claro, mas se fossemos construir da forma convencional, nós não iríamos fazer, iríamos buscar parcerias ou até mesmo vender esses terrenos. Foi aí que veio o Lighwall como alternativa”, explicou, reforçando que 100 casas já foram construídas em uma média de três meses.
Construções portáteis
A dupla também acredita que por conta do material ser leve, é possível ganhar agilidade inclusive levando construções prontas em caminhões. A empresa já tem uma parceria com a Steel Corp, do empresário Roberto Justus, para a elaboração desse tipo de produtos, que devem ser usados para ser um estabelecimento comercial.
Outras novidades que a empresa espera lançar são placas que permitam passar a fiação por dentro e placas que já venham pintadas e com texturas de fábrica.