terça-feira 5 de novembro de 2024
Da esquerda para a direita: o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o candidato à prefeitura de São Paulo Pablo Marçal (PRTB) e o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) — Foto: Fotos de Brenno Carvalho/O Globo, Maria Isabel Oliveira/O Globo e Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados
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segunda-feira 30 de setembro de 2024 às 16:35h

Acenos de Nikolas Ferreira a Pablo Marçal irritam entorno de Bolsonaro

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Aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) têm demonstrado segundo a coluna de Malu Gaspar, uma crescente irritação com o apoio do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) a Pablo Marçal (PRTB) e os ataques a Ricardo Nunes (MDB), candidato do ex-presidente na corrida pela prefeitura de São Paulo.

Nikolas, que é uma das principais figuras do bolsonarismo nas redes sociais, tem feito postagens com críticas a Nunes e ao PSD, partido que faz parte da aliança do prefeito e do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) – e que o deputado critica por ser a legenda do presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (MG), visto como principal obstáculo para a abertura de um processo de impeachment contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

No final de semana, Marçal passou a compartilhar um vídeo em que Nikolas diz que “prefere dar uma chance para a dúvida [Marçal]” porque “não dá para engolir esse cara [Nunes]”.

Na peça, o deputado mineiro afirma ainda que a chapa do prefeito é composta por “um bando de vagabundos que sempre lutaram contra a gente [direita]” e que Marçal “não está sendo apoiado pelo sistema”. Ele ponderou ainda que sua decisão não feriria sua lealdade a Bolsonaro, que indicou o vice de Nunes, Ricardo Mello Araújo (PL).

Já durante o final de semana, quando Marçal divulgou recortes do vídeo de Nikolas em grupos de apoiadores no WhatsApp, um interlocutor próximo do ex-presidente relatou à equipe da coluna que a insatisfação com o comportamento do deputado mineiro entre aliados próximos de Bolsonaro era grande.

Sob reserva, um amigo próximo de Bolsonaro chamou o deputado mineiro de “irresponsável” e “moleque” porque suas falas favoreceriam um eventual segundo turno entre Marçal e Guilherme Boulos (PSOL) – cenário em que Boulos tem mais chance de ganhar a eleição, segundo as pesquisas de opinião.

Nesta segunda-feira, o desconforto se tornou público pelo pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo.

Malafaia, escalado por aliados de Bolsonaro e Nunes para desconstruir o apoio do eleitorado evangélico a Marçal, desta vez disparou contra Nikolas. Sem citar o nome do mineiro, o pastor diz que o deputado de primeiro mandato, “que nem tirou as fraldas na política”, “está fazendo o jogo desse psicopata farsante” e “falou um monte de asneiras”.

“Ele disse no vídeo que o prefeito a quem Bolsonaro apoia está rodeado de vagabundos e pertence ao sistema. Significa que também Bolsonaro está rodeado desses caras, já que apoia o prefeito que pertence ao sistema, e que Pablo Marçal não pertence ao sistema. Eu provo que ele pertence ao sistema. Ele faz o jogo de Alexandre de Moraes e já disse que, se for eleito prefeito, vai governar com a maioria dos partidos”, disse Malafaia no seu conhecido tom incendiário.

“Agora, você que pertence ao PL, Bolsonaro nunca pediu a ninguém do partido para apoiar o candidato dele para prefeito. No mínimo você deve respeito e consideração a Bolsonaro e tinha que ficar de boca fechada”, completou.

Procurado para comentar as críticas e o apoio a Marçal, o deputado não retornou o contato da equipe do blog. O espaço segue aberto.

Direita dividida

Como publicamos no blog, a divisão da direita entre Nunes e Marçal tem frustrado a campanha do prefeito, que não contará com a presença de Bolsonaro na capital na reta final do primeiro turno. O ex-presidente, que desembarca no estado na próxima terça, pedirá votos para aliados de cidades do interior no eixo da Via Dutra e seguirá para o Rio, onde reforçará a campanha de Alexandre Ramagem (PL) contra Eduardo Paes (PSD), favorito nas pesquisas para vencer já no próximo domingo.

Nunes tenta se firmar como um quadro conservador e até articulou uma ofensiva que incluiu o pagamento de “pedágios” à direita, como mudar sua posição sobre a vacinação obrigatória contra a Covid-19 e a abertura de um impeachment contra o ministro Alexandre de Moraes, mas as pesquisas indicam que o eleitor bolsonarista não aderiu à tese.

De acordo com o Datafolha divulgado na última quinta, 43% dos eleitores que disseram ter votado em Jair Bolsonaro no segundo turno de 2022 apoiam Pablo Marçal – dois pontos percentuais a mais do que o registrado na rodada anterior da pesquisa. Nunes, por sua vez, oscilou negativamente entre os bolsonaristas – de 40% para 39%.

A existência de sinais trocados e “ruídos” dentro do bolsonarismo tem tornado o cenário ainda mais confuso para o eleitor.

Enquanto o ex-presidente chamou Marçal de “mentiroso” na última terça-feira (24) em um comício em Goiânia (GO), cidade natal do candidato do PRTB, aliados bolsonaristas já debandaram ou acenaram na direção do ex-coach.

Um interlocutor de Bolsonaro cita, além do caso de Nikolas Ferreira, os deputados Ricardo Salles (Novo-SP), que se lançou como candidato à prefeitura ainda pelo PL, foi rifado pelo partido e tem sinalizado apoio a Marçal, e Carla Zambelli (PL-SP), uma das deputadas mais votadas do estado em 2022, que já declarou voto no ex-coach.

“O cenário está muito confuso”, resumiu esta fonte.

A menos de uma semana para a eleição e com o pelotão de candidatos embolado entre Boulos, Nunes e Marçal, Bolsonaro e o prefeito de São Paulo entendem que cada defecção no bolsonarismo amplia o risco real do emedebista acabar fora do segundo turno.

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