A pretensão de exercer um direito básico, como o voto, comum à maioria dos brasileiros, pode ser um desafio sem precedentes quando percebida sob a ótica de uma pessoa com deficiência. A falta de acessibilidade nas seções eleitorais e a escassez de informação resultam, por vezes, na desistência da participação política de quem pode fazer a diferença. Em razão desta indesejada realidade, às vésperas das eleições municipais deste ano, a Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA) promoveu, na tarde desta última quinta-feira (26), uma palestra sobre capacitismo eleitoral, ministrada pela advogada Adriana Vieira de Paula, presidente da Comissão da Pessoa com Deficiência da OAB, na subseção de Itapetininga, em São Paulo.
A convite da Escola do Legislativo, a palestrante alertou o público sobre as inúmeras circunstâncias que revelam a discriminação contra pessoas com deficiência durante o período eleitoral. Segundo a causídica, é comum que candidatos que buscam se eleger queiram associar a própria imagem com a de PCDs para o crescimento da popularidade frente aos potenciais eleitores, em manifestações de crasso oportunismo. “Candidatos vão à casa de pessoas com autismo, querem tirar fotos com crianças com autismo, por exemplo, ou querem postar conteúdo com cadeirantes na rua. E a pessoa com deficiência não percebe que esse candidato está ali usando a imagem dela. As famílias às vezes também não percebem”, afirmou.
Conforme ressaltou a gerente do Departamento Pedagógico da Escola do Legislativo, Yuriko Guimarães, a partir do que foi discutido no encontro desta quinta-feira, surgiu a intenção de que um seminário sobre capacitismo seja realizado na AL-BA no próximo ano. A ideia é divulgar o tema e reunir esforços em seu enfrentamento. “Saiu daqui um compromisso para que a gente possa construir esse espaço de discussão para trabalhar esse assunto de forma mais ampla. A escola se preocupa muito com a capacitação técnica, mas a gente precisa dar a atenção devida à questão social”, afirmou.