Israel lançou mais ataques aéreos no Líbano, nesta quarta-feira (25), e militantes do Hezbollah dispararam foguetes contra Israel, nessas que são as trocas mais pesadas de ataques entre os dois arqui-inimigos em um ano.
O Hezbollah alegou ter atacado a sede da agência de espionagem Mossad, em Tel Aviv, o centro econômico de Israel.
Enquanto isso, líderes mundiais expressaram preocupação de que o conflito — que ocorre paralelamente à guerra em Gaza — esteja se intensificando rapidamente à medida que o número de mortos no Líbano aumenta.
O Exército israelense realizou seus ataques aéreos mais pesados em um ano de conflito nesta semana, mirando líderes do Hezbollah e atingindo centenas de locais no interior do Líbano, enquanto o Hezbollah disparava barragens de foguetes contra Israel.
Não houve trégua nesta quarta-feira (25). Israel disse que seus aviões de guerra estavam realizando ataques extensivos no sul do Líbano e no Vale do Bekaa, um reduto do Hezbollah.
Pelo menos 15 pessoas foram mortas e cerca de 50 ficaram feridas em ataques israelenses no Líbano nesta quarta-feira, em cinco locais diferentes, de acordo com uma compilação da Reuters de declarações do Ministério da Saúde libanês.
O Hezbollah, que é apoiado pelo Irã, disse em um comunicado que havia disparado um míssil na manhã de quarta contra a sede do Mossad “em apoio ao nosso firme povo palestino na Faixa de Gaza e em defesa do Líbano e seu povo”.
O Exército israelense disse que um único míssil foi interceptado por sistemas de defesa aérea após ser detectado cruzando do Líbano. O porta-voz Nadav Shoshani disse que não podia confirmar qual era o alvo do Hezbollah quando ele disparou o míssil de uma vila no Líbano.
“O resultado foi um míssil pesado, indo em direção a Tel Aviv, em direção a áreas civis em Tel Aviv. A sede do Mossad não fica naquela área”, ele disse.
Sirenes de alerta soaram em Tel Aviv e em outros lugares no centro de Israel, mas não houve relatos de danos ou vítimas.
O ataque foi a primeira vez desde o início da guerra que um míssil do Hezbollah foi avistado sobre Tel Aviv, geralmente considerado um alvo com potencial para desencadear uma forte escalada na ação israelense.
O Hezbollah culpou o Mossad pelo recente assassinato de seus líderes.
O grupo também acusou a agência de espionagem de realizar uma operação extraordinária na semana passada, na qual os dispositivos de comunicação dos membros do Hezbollah foram armadilhados e explodiram, matando 39 pessoas e ferindo quase 3 mil. Israel não confirmou nem negou o envolvimento.
Israel expandiu as zonas que vem atacando desde terça-feira à noite, com ataques pela primeira vez na cidade turística de Jiyyeh, ao sul de Beirute e Maaysrah.
Os ataques também ocorreram em Bint Jbeil, Tebnin e Ain Qana, no sul, na vila de Joun, no distrito de Chouf, perto da cidade de Sidon, no sul, e em Maaysrah, no distrito de Keserwan, no norte.
Autoridades israelenses disseram que a região da Galileia, no norte de Israel, foi atingida por fortes bombardeios do Hezbollah na manhã desta quarta-feira.
Em uma leva, cerca de 40 foguetes foram disparados. Alguns foram interceptados no ar, outros atingiram áreas abertas ou penetraram defesas aéreas em áreas povoadas, eles disseram.
Na cidade israelense de Safed, uma casa de repouso foi atingida, mas não houve feridos, disseram as autoridades.
Trocas de tiros quase diárias na área da fronteira entre Israel e Líbano começaram depois que a guerra começou em outubro passado entre Israel e o grupo militante palestino Hamas na Faixa de Gaza, na fronteira sul de Israel, com o Hezbollah dizendo que estava agindo em solidariedade ao seu aliado Hamas.
O foco de Israel agora se voltou para sua fronteira norte e sul do Líbano.
Desde a manhã de segunda-feira, a ofensiva israelense matou 569 pessoas, incluindo 50 crianças, e feriu 1.835 no Líbano, disse o ministro da Saúde, Firass Abiad, à Al Jazeera Mubasher TV.
Estima-se que meio milhão de pessoas tenham sido deslocadas no Líbano, disse o Ministro das Relações Exteriores Abdallah Bou Habib. Em Beirute, milhares de pessoas que fugiram do sul do Líbano estavam abrigadas em escolas e outros prédios.
O papa Francisco chamou os ataques de Israel de uma “terrível escalada” do conflito no Oriente Médio.
O primeiro-ministro britânico Keir Starmer e o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, disseram que a escalada dos conflitos entre Israel e o Hezbollah estava levando a região ao limite.
Tropas israelenses vêm treinando há meses para uma possível operação terrestre dentro do Líbano, com o objetivo de proteger sua fronteira norte e permitir que milhares de moradores israelenses que fugiram por segurança retornem às suas comunidades, uma das principais prioridades de guerra do governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.