A primeira pesquisa Quaest divulgada após a cadeirada desferida por José Luiz Datena (PSDB) em Pablo Marçal (PRTB) mostra o ex-coach numericamente abaixo dos líderes Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos0 (PSOL) na corrida eleitoral de São Paulo. O atual prefeito tem 24% das intenções de voto, contra 23% do deputado federal e 20% do ex-coach. Considerando a margem de erro de três pontos percentuais para mais ou menos, o trio está tecnicamente empatado.
Marçal aparecia com 23% das menções há uma semana, antes portanto da agressão sofrida em debate realizado no último domingo, e agora teve variação negativa de três pontos percentuais. Nunes registrava 24% das intenções de voto sete dias atrás, mesma taxa de agora, enquanto Boulos somava 21% no levantamento anterior.
A candidata Tabata Amaral (PSB) oscilou de 8% para 7%, e agora aparece numericamente atrás de Datena, que variou de 8% para 10% após a agressão a Marçal — no fim de julho, o ex-apresentador chegou a figurar entre os líderes da disputa, à época com 19% das menções. A candidata Marina Helena é escolhida por 2% dos eleitores.
A pesquisa foi realizada entre domingo e terça-feira, por isso nem todos os entrevistados responderam já tendo a memória do debate que marcou o ápice da agressividade entre os candidatos. Só parte das pessoas ouvidas também pôde assistir ao debate seguinte, realizado ontem pela manhã.
Principal “vencedor” dessa rodada, Nunes recuperou fôlego na corrida eleitoral ao aproveitar a vantagem que tem sobre os adversários em relação ao tempo de exposição na TV, fruto de sua megacoalizão com 12 partidos, dentre eles o PL do ex-presidente Jair Bolsonaro. O ex-mandatário tem sido tímido nas manifestações de apoio ao candidato à reeleição, mas fez um aceno mais eloquente em ligação por vídeo feita durante evento realizado na quinta-feira passada, no Clube Atlético Monte Líbano.
Marçal teve a agressão sofrida no debate da TV Cultura como destaque solitário de sua campanha nos últimos dias — afora uma motociata com baixo engajamento realizada na manhã de domingo. O ex-coach alternou discursos nas horas seguintes à cadeirada que o atingiu: chegou a comparar o episódio com os atentados sofridos por Bolsonaro (em 2018) e Donald Trump, publicou vídeo com máscara de oxigênio na ambulância que o levou ao Hospital Sírio-Libanês, e depois deixou a unidade médica negando “vitimismo”, classificando a agressão como “só um esbarrão”.
Boulos, diante da desaceleração de Marçal, tem voltado sua artilharia para Nunes, com quem encontra concorrência na busca pelo eleitorado do presidente Lula (PT). O candidato do PSOL viajou a Brasília no último fim de semana para gravar propaganda ao lado do petista, em novo esforço de sua campanha para tornar a associação com o presidente mais conhecida.
Personagem central da última semana, Datena tem expressado desânimo com a campanha e até esboçou um choro ao ser questionado sobre essa jornada numa sabatina. Após atingir Marçal, porém, recebeu o apoio de seu partido para seguir na disputa e viu nas milhares de menções ao seu nome na internet uma pista de que, se bem explorado, o discurso de que ‘não se arrepende da agressão porque estava defendendo sua honra’ pode fazer da cadeira uma catapulta — ou ao menos um paraquedas.
Tabata passou a explorar os episódios de agressividade entre os demais candidatos, inclusive a cadeirada em Marçal, para se apresentar como uma opção mais equilibrada e atrair o público feminino — parcela do eleitorado mais simpática a ela do que o grupo masculino. A candidata do PSB tem focado neste momento, além das mulheres, nos moradores das periferias e no voto dos mais idosos. Com só 30 segundos de exposição na propaganda eleitoral gratuita, a campanha de Tabata se vê obrigada a navegar de ilha em ilha em meio ao oceano de eleitores.
A Quaest entrevistou presencialmente 1.200 eleitores de 16 anos ou mais entre 15 e 17 de setembro. A pesquisa foi contratada pela TV Globo e está registrada na Justiça Eleitoral sob o número SP-00281/2024.