O dólar à vista interrompeu nesta segunda-feira, 2, uma sequência de cinco sessões de altas, fechando em baixa ante o real, ainda que acima dos R$ 5,60, em um dia de novo leilão extra do Banco Central de swap cambial e liquidez reduzida em função do feriado nos Estados Unidos.
A moeda norte-americana à vista fechou em baixa de 0,34%, cotada a R$ 5,6172. No ano, a divisa acumula alta de 15,78%. Veja cotações.
Às 17h04, na B3 o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,21%, a R$ 5,6355 na venda.
O Ibovespa fechou em queda nesta segunda-feira, com Vale respondendo pela maior pressão de baixa na esteira do declínio dos futuros do minério de ferro na China, enquanto Azul voltou a despencar com o mercado ainda desconfortável com o nível de alavancagem e eventuais opções da companhia aérea.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 0,81%, a 134.906,07 pontos, tendo chegado a 136.003,81 pontos na máxima e 134.496,71 pontos na mínima do dia.
O volume financeiro somou R$ 14 bilhões, afetado pelo fechamento do mercado norte-americano em razão do feriado do Dia do Trabalho nos Estados Unidos.
O dia do Ibovespa
A queda ocorreu após o Ibovespa acumular em agosto um ganho de 6,5%, no melhor desempenho mensal desde novembro do ano passado (+12,5%), tendo renovado topos históricos, sustentado principalmente pelo fluxo de capital externo para as ações na B3 na esteira de perspectivas relacionadas ao Federal Reserve.
“Tal como aconteceu em agosto, a melhoria das condições monetárias nos EUA deverá continuar a ser o principal catalisador das ações brasileiras no curto prazo”, afirmaram estrategistas do BTG Pactual em relatório com as recomendações de ações para setembro nesta segunda-feira.
Nesse contexto, os números do mercado de trabalho da maior economia do mundo referentes a agosto, principalmente o relatório do governo na sexta-feira, podem ser cruciais para consolidar as apostas sobre a decisão do Fed no próximo dia 18, notadamente a magnitude de um corte amplamente esperado.
“Múltiplos relativamente atraentes, mesmo após a recente recuperação, e o forte crescimento dos lucros também suportam o desempenho das ações”, acrescentou a equipe do BTG.
A partir desta segunda, o Ibovespa passou a mostrar uma nova composição, que irá vigorar até o final do ano, com a entrada das ações de Auren, Caixa Seguridade e Santos Brasil, e saída dos papéis de Dexco e Grupo Soma, totalizando 86 papéis de 83 empresas.
Destaques
– VALE ON recuou 1,41%, com os futuros do minério de ferro fechando em queda na China, em meio a dados desanimadores da economia chinesa. O contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian encerrou as negociações do dia com retração de 4,36%, sua maior perda diária desde outubro de 2022.
– AZUL PN desabou 18,18%, para uma mínima recorde de 4,41 reais, refletindo ainda preocupações com o nível de alavancagem e opções que a companhia aérea possa usar para lidar com sua dívida. Na sexta-feira, os papéis caíram 2%, depois do tombo de 24% na quinta-feira, na esteira de uma notícia de que a empresa estaria considerando até um pedido de recuperação judicial para lidar com suas dívidas. Ainda na semana passada, o CEO da Azul, John Rodgerson, disse que a aérea está saudável financeiramente e não tem planos de fazer um pedido de recuperação judicial. Nesta segunda, a S&P rebaixou o rating da aérea para “CCC+”.
– IRB(RE) ON avançou 1,94%, ajudado pelo relatório de recomendação de small caps do BTG Pactual, que inclui os papéis da resseguradora no portfólio para setembro. “Os números operacionais de julho devem ser divulgados nas próximas semanas e devem indicar tendências positivas no desempenho da subscrição — sem impactos adicionais (da tragédia) do Rio Grande do Sul”, citaram os estrategistas do banco.
– ASSAÍ ON subiu 2,4%, após a varejista negar negociação com o Grupo Mateus, em resposta a uma publicação do colunista Lauro Jardim, de O Globo, no fim de semana de que a quarta maior varejista de alimentos do país “está trabalhando com a XP e o Itaú para fazer uma oferta pelo controle do Assaí aos acionistas de referência”. GRUPO MATEUS ON, que não faz parte do Ibovespa e também negou o assunto, ganhou 0,13%.
– PETROBRAS PN cedeu 0,94%, apesar da alta dos preços do petróleo no exterior, com o barril de Brent transacionado em alta de 0,77%. A estatal divulgou no final da sexta-feira que assinou 26 contratos de concessão na Bacia de Pelotas adquiridos em parceria com a Shell em leilão em dezembro do ano passado. E também informou que reduziu os preços do querosene de aviação para distribuidoras em 8,8% em média.
– ITAÚ UNIBANCO PN perdeu 0,8%, enquanto BANCO DO BRASIL ON fechou com acréscimo de 1,07%, este último endossado pelas recomendações do mês do BTG, que incluíram os papéis na carteira 10 SIM.
– ULTRAPAR ON cedeu 3,17%, após anúncio da operadora logística Hidrovias do Brasil sobre aumento de capital de até 1,5 bilhão de reais para viabilizar acesso a novos investimentos, em uma operação em que a Ultrapar vai exercer direito de preferência. A operação se dará com emissão de novas ações em subscrição privada a 3,40 reais cada. HIDROVIAS DO BRASIL ON, que não está no Ibovespa, perdeu 1,72%.
– TELEFÔNICA BRASIL ON ganhou 0,75%. A empresa anunciou mais cedo que o Banco Central autorizou o funcionamento da Vivo Pay Sociedade de Crédito Direto, parte da estratégia da companhia de avançar sobre o mercado de serviços financeiros. O presidente-executivo da Telefônica Brasil tinha afirmado no final de julho que a empresa estava próxima de conseguir uma licença de serviços financeiros junto ao BC.
– AMERICANAS ON, que não está no Ibovespa, saltou 20,97%, após anunciar nesta segunda-feira que contratou a consultoria Centria Capital Partners para encontrar interessado na aquisição de alguns ativos da fintech Ame Digital, dentro de estratégia montada em plano de recuperação judicial da companhia.