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domingo 1 de setembro de 2024 às 09:56h

Balanço da BYD e o investimento na nova economia: o que fazer?

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Passou despercebido pelo mercado financeiro no Ocidente o balanço financeiro da BYD, divulgado na última quarta-feira (28) e publicada Olívia Bulla, do revista Forbes. O investidor ficou alheio aos números da montadora, não apenas porque vieram abaixo do esperado, mas talvez porque também não é tão simples investir na empresa chinesa.

Além de ações negociadas em Hong Kong, a opção acaba sendo um ADR da BYD negociado em Nova York. Ou seja, não se tratam de ativos que têm no Brasil.

Pouco se falou, então, da reação dos papéis ao lucro líquido de 13,6 bilhões de yuans da BYD nos seis primeiros meses deste ano. O montante equivale a US$ 1,9 bilhão ou R$ 10,5 bilhões e representa um aumento de 24% em relação ao mesmo período do ano anterior. Já a receita cresceu 16%, a 301,1 bilhões de yuans (US$ 41,5 bilhões ou R$ 232,6 bilhões).

No entanto, o consenso apontava lucro de 15,35 bilhões de yuans e faturamento de 331,03 bilhões de yuans. Em Hong Kong, as ações da BYD encerraram a semana acumulando valorização de 6,63%, o que inverteu para o positivo o desempenho em agosto (+5,79%). No ano, os ganhos são de quase 15%.

Para quem não quer ficar de fora desse desempenho, há também a possibilidade de investir em um fundo de índice (ETF) do setor ou da matéria-prima principal, de modo a alcançar uma gama maior do negócio. No caso da fabricante de veículos elétricos (EVs), muito se fala do lítio, usado nas baterias da nova geração de carros.

Jansen Costa, sócio fundador da Fatorial Investimentos, lembra de uma frase épica de Warren Buffett, que completou 94 anos nesta semana. “Ele disse que não comprava ouro, mas comprava a mineradora do ouro”, diz Costa, citando uma das muitas lições do megainvestidor.

Nesse caso, uma alternativa “um pouco mais exótica”, mas que faria certo sentido na cabeça do guru de Omaha, é investir no ETF Lithium Battery Tech, da Global X. A gestora, que também negocia um BDR no Brasil, que é o BLBT39 na B3, investe em empresas que estão diretamente ligadas ao fornecimento de soluções para investimento em eletrificação.

Nova economia

Ou seja, o ativo principal às vezes não é o mais interessante para se investir, mas sim as empresas que se beneficiam com o processo de produção. A BYD, por exemplo, está inserida na chamada nova economia.

“Isso está alinhado à pauta de sustentabilidade e à crescente demanda global por fonte de energia limpa. É tudo o que está voltado à transição energética e à descarbonização”, lembra Bruna Allemann, chefe de investimentos internacionais da Nomos.

Porém, ela lembra que o processo de desenvolvimento dessas soluções, além de ser novo, está apenas se iniciando. “Ou seja, pensar em investir nisso é olhar no longo prazo”, diz.

Portanto, não se deve empolgar com o simples fato de a BYD ter vendido 3 milhões de EVs no ano passado, ultrapassando a Tesla, do bilionário Elon Musk, como a maior fabricante de veículos elétricos do mundo. Até porque, a montadora chinesa parece estar prontos para vender mais que os concorrentes ocidentais, mas enfrenta restrições crescentes de acesso a esses mercados.

Por isso, a gestora da Nomos alerta: “acompanhar isso é uma jornada que terá desafios”, incluindo também questão regulatória. Ainda assim, Bruna chama a atenção para a oportunidade de “navegar junto” com o crescimento desses processos tecnológicos e inovações que vão acontecer no futuro.

Brasileiras se destacam

Para quem não quer ter de suar frio nem ficar com os nervos à flor da pele, Alexandre Mathias, estrategista-chefe da Monte Bravo, sugere comprar ações de empresas brasileiras que, de alguma forma, estão associadas a esse processo.

É o caso da WEG (WEG3). “É uma empresa que tem uma atuação no setor de mobilidade elétrica, atua de maneira relativamente verticalizada e tende a se beneficiar do crescimento do setor”, diz.

Segundo Mathias, a Marcopolo (POMO4) é outro exemplo. “A empresa tem uma parceria com a BYD em ônibus elétricos. Então, de uma certa forma pode se beneficiar também desse processo”, conclui.

Ainda assim, são teses de investimento que não estão ligadas a “empresas mais óbvias”, ressalta o gestor da Fatorial. No entanto, por se tratar de uma temática que vem chamando a atenção dos investidores, o fundamental é não se perder nessas alocações de capital.

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