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Romário entrou em rota de colisão com o PL do Rio — Foto: Jane de Araújo/Agência Senado
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quarta-feira 28 de agosto de 2024 às 19:30h

Campanha acumula casos de traição e desentendimento entre políticos; saiba quais

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Seja por divergência ideológica, estratégia pessoal ou acordos antigos, políticos da esquerda à direita têm abandonado os candidatos oficiais de suas siglas para apoiar nomes rivais nas eleições municipais deste ano. O convite à traição chama a atenção em capitais, como Rio de Janeiro, São Paulo e São Luís, mas também ocorre em outras cidades pelo país.

Como constatou Leonel Brizola, em frase lembrada a cada pleito, “a política ama a traição e odeia o traidor”. Nos casos das eleições deste ano, as mudanças de lado também têm provocado desgastes e acusações.

O senador Romário (PL), por exemplo, é tratado por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) como traidor por ter declarado votos em Eduardo Paes (PSD), que tenta se reeleger na capital fluminense contra Alexandre Ramagem (PL), e em Rodrigo Neves (PDT) em Niterói, município em que o PL tem Carlos Jordy como candidato à prefeitura.

Tanto Ramagem quanto Jordy foram escolhidos diretamente pelo ex-presidente. Como mostrou o GLOBO, o líder do PL na Câmara, deputado Altineu Côrtes, cobrou uma atitude da Executiva nacional da legenda em relação ao caso do senador, que se referiu como “infidelidade partidária”.

Ainda no Rio, enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o diretório do PT apoiam abertamente a reeleição de Eduardo Paes (PSD), o deputado federal Lindbergh Farias, liderança petista no Rio, defende e trabalha para ampliar o movimento “Petistas com Tarcísio”, em apoio à campanha de Tarcísio Motta (PSOL), que disputa a prefeitura com Paes.

Um dos motivos da aversão de Lindbergh ao atual prefeito carioca é a escolha por um vice também do PSD. Paes escolheu uma chapa puro-sangue com o deputado estadual Eduardo Cavaliere. Em julho, Lindbergh afirmou ao GLOBO que o movimento petista pró-Tarcísio contaria com abaixos-assinados e campanhas nos bairros.

— Vamos ter uma grande campanha do PT, com a cara do Lula, mas com o Tarcísio. Vamos fazer materiais. Eduardo Paes tem vergonha do apoio do PT — disse.

Para que ninguém fosse pego de surpresa, a senadora Eliziane Gama (PSD) decidiu oficializar cedo o apoio à candidatura do deputado federal Duarte Júnior (PSB) para a prefeitura de São Luís.

“Ele tem as melhores condições de construir uma São Luís mais humana, próspera e moderna. Em 2024 vamos junto com nosso grupo apoiar Duarte Jr para prefeito de São Luís.”, publicou Gama nas redes sociais em dezembro de 2023, abandonando o correligionário Eduardo Braide (PSD), nome escolhido pela sigla para governar São Luís.

Duarte Júnior, que tem a benção do atual governador do Maranhão, Carlos Brandão (PSB), e do ex-governador Flávio Dino (PSB), conquistou o artifício de montar uma aliança improvável entre PT e PL, composição que ocorreu à revelia de resolução baixada pelo presidente do PL, Valdemar Costa Neto, proibindo dobradinhas com o PT.

A coalizão é criticada por apoiadores fiéis do ex-presidente, e, assim como o pai, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), declarou endosso ao candidato do PRTB em São Luís, Yglésio Moyses.

Além do pleito no Maranhão, Jair Bolsonaro acumula embates com Valdemar e o diretório nacional do PL em Guarulhos (SP), onde o ex-presidente apoia a candidatura do deputado estadual Jorge Wilson (Republicanos), o “Xerife do Consumidor”, mesmo que o PL já tenha um candidato filiado, o vereador Lucas Sanches.

Vice do ex-prefeito Bruno Covas (PSDB) em 2020, o atual prefeito de São Paulo Ricardo Nunes (MDB) conta com o apoio de uma ala de tucanos que rejeita a campanha pelo PSDB do apresentador de TV José Luiz Datena.

Em 27 de julho, na convenção em que a candidatura de Datena à Prefeitura de SP foi oficializada, tucanos pró-Nunes protestaram exigindo o apoio da sigla ao atual prefeito, episódio que terminou em bate-boca e na expulsão do ex-dirigente de São Paulo Fernando Alfredo do partido.

Entre os tucanos a favor a reeleição de Nunes, estão nomes do atual secretariado da prefeitura paulista, como os titulares da Casa Civil, Fabrício Cobra, e da Educação, Fernando Novaes.

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