De costeleta, faixa presidencial e legendas em espanhol, candidatos a vereador nas eleições deste ano lançaram mão da figura do presidente da Argentina, Javier Milei, para alavancar a campanha e ganhar popularidade. Em Florianópolis, um dos principais destinos turísticos de argentinos no Brasil, o candidato Ademar Rodrigues Meireles (PL) registrou segundo Alice Cravo, do O Globo, como nome de urna “Milei de Floripa”.
Antes da campanha eleitoral, Meireles chegou a fazer uma visita devidamente caracterizado à Casa Rosada, sede do governo argentino, e a dar entrevistas em espanhol para canais de televisão do país.
Com o lema “Viva La Liberdad”, o Milei de Floripa tem como slogan de campanha um motosserra. O equipamento também é referência ao líder argentino que, à época de campanha, aparecia publicamente com o apetrecho para impulsionar o seu “plano motosserra”, em referência aos cortes nos gastos públicos que faria em sua gestão. Em julho, Mlilei (o original) chegou a afirmar em entrevista a uma rádio que a “motosserra nunca para” e que cortaria “tudo o que puder cortar”.
Nas redes sociais, o candidato a vereador também faz referência a outras figuras da extrema direita. Além de aparecer em fotos com o ex-presidente Jair Bolsonaro e com a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, o “Milei de Floripa” também levou um boneco gigante de Donald Trump para a convenção do PL que oficializou o seu nome como candidato a vereador.
Em João Pessoa, capital da Paraíba, outro “Milei” aparecerá nas urnas como opção para a Câmara Municipal. Sosteni dos Santos Bezerra, também do PL, se apresenta ao eleitor como “Sosteni Milei”. Nas redes sociais o candidato se apresenta como a sósia do presidente argentino e diz que o personagem “caiu na graça do povo”.
O Javier Milei argentino ganhou as eleições para a presidência da Argentina em 2023 com promessas de cortes orçamentários significativos e mudanças radicais na economia, como o fim do Banco Central. No Brasil, o político se popularizou após fazer críticas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e se aproximar do ex-presidente Jair Bolsonaro e das pautas defendidas pela extrema direita brasileira.
Desde que assumiu a presidência, Milei esteve apenas uma vez no Brasil, mas ão se encontrou com o presidente Lula. O argentino, no entanto, cumpriu agendas com Bolsonaro. Lula se recusa a falar com Milei enquanto não houver um pedido formal de desculpas pelas ofensas feitas durante a eleição.
O presidente argentino não será o único nome político nas urnas brasileiras em outubro. Embora não seja possível associar diretamente às personalidades, candidatos brasileiros optaram por se identificar como “Maduro” e “Obama”, mesmos nome do ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro.