Candidato à Prefeitura de São Paulo pelo PSDB, o apresentador José Luiz Datena afirmou na noite desta última segunda-feira (12) que seu plano de governo foi feito “em cima da hora” e que mal conversou com técnicos que têm elaborado suas propostas. Ao participar do programa “Roda Viva” da TV Cultura, Datena disse ainda que se não for para o segundo turno, não apoiará nem o prefeito da capital e candidato à reeleição, Ricardo Nunes (MDB), e o deputado federal Guilherme Boulos (Psol).
Em seu 11º partido e depois de desistir quatro vezes de disputar as eleições, o apresentador afirmou de acordo com Cristiane Agostine, do jornal Valor, que desta vez pretende, realmente, concorrer, mas disse que as decisões de sua campanha à prefeitura paulistana foram tomadas às pressas, em cima da hora. “A nossa campanha começou tardia. Eu tive contato duas vezes com esses técnicos, com as pessoas que estão fechando o plano de governo, porque foi tudo feito em cima da hora”, disse.
Datena relatou ter ficado irritado durante uma dessas reuniões. “Fiquei cinco horas ouvindo. Pedi para dar um tempo. Tem um cara só ouvindo”, afirmou.
Questionado sobre divergências que vieram à tona entre o que pensa para a cidade e o que técnicos de campanha já anunciaram, Datena recomendou os jornalistas a perguntarem para seu vice na chapa, o presidente do diretório paulistano do PSDB, José Aníbal, fiador de sua candidatura.
O postulante afirmou ainda não ter conhecimento sobre dados da prefeitura, como o caixa, porque, em sua avaliação, esses recursos seriam aplicados no mercado financeiro. Esse montante, no entanto, é público.
Durante a entrevista, o apresentador foi questionado sobre quem poderá apoiar em um eventual segundo turno, se não participar da disputa, e afirmou que não apoiará nem Nunes nem Boulos, candidatos que lideram a disputa paulistana, segundo as pesquisas. Em relação ao candidato do Psol, disse que foi convidado a ser vice na chapa do parlamentar, mas afirmou que tem ideias divergentes.
Sem apresentar provas, o apresentador voltou a falar da ligação do crime organizado com as empresas de transporte público e disse que o prefeito Ricardo Nunes “tem medo” do Primeiro Comando da Capital (PCC). “Eu não tenho medo. Eu vou tirar o PCC do transporte público. Acho que esse cara [Ricardo Nunes] pode ser, no mínimo, refém do PCC”, declarou.
Datena não quis responder se vai garantir o serviço de aborto legal na rede pública municipal. “Posso não responder a sua pergunta?”, disse, ao ser questionado. “Quem tem de falar de aborto é a mulher. Não quero me intrometer em assunto da mulher”, disse.
O apresentador demonstrou desconforto ao falar sobre problemas judiciais enfrentados por lideranças de seu novo partido, como o ex-presidente nacional do PSDB Aécio Neves e Marconi Perillo, atual presidente da sigla. “Eles foram condenados e estão livres por algum motivo. Se é justo ou não, não sei. O que era quadro daquela época [das investigações], não existe mais”, disse.
Sobre propostas, Datena afirmou que pretende armar a guarda civil metropolitana com fuzil. “Ela [a tropa da GCM] combate o mesmo inimigo da polícia civil, militar e federal. Tem que combater o crime com fuzil e inteligência”, afirmou. Ao falar sobre medidas para moradia, não soube informar o custo estimado.
Questionado sobre o “Minhocão”, defendeu derrubá-lo e usar o que “sobrar” para construir moradias. “É obra obsoleta e ultrapassada”.