A Polícia Federal apreendeu nesta quarta-feira (7) cerca de R$ 900 mil em espécie ao vasculhar a casa do promotor de Justiça do Piauí Maurício Verdejo Gonçalves Júnior, investigado por supostamente exigir propina de R$ 3 milhões para arquivar investigação sobre um empresário. O dinheiro estava acondicionado em malas e sacolas na residência do titular da 6ª Promotoria de Picos.
A Operação foi batizada ‘Iscariotes’ em referência a Judas Iscariotes, diz a PF. Segundo a corporação, o promotor do Ministério Público estadual do Piauí, “incumbido da função de fiscal da lei, traiu a confiança nele depositada pelo Estado e pela instituição”. O Estadão entrou em contato com o Ministério Público do Piauí. O espaço está aberto.
A ofensiva aberta na manhã desta quarta se dá na esteira de um inquérito aberto há apenas uma semana. O empresário procurou a Polícia Federal relatando que foi abordado pelo promotor de Justiça em um restaurante. Na ocasião, o integrante do MP teria dado um prazo de dias para que o empresário pagasse os R$ 3 milhões para não ser mais investigado.
Em diligências, os investigadores confirmaram os relatos do empresário. Em ação controlada, foi filmado o momento em que o promotor recebe parte do dinheiro. Maurício Verdejo Gonçalves Júnior é investigado por suposto crime de concussão – “exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida”.
Segundo a PF, a gravidade dos fatos e a iminência da entrega do dinheiro demandaram um esforço concentrado junto da Procuradoria-Geral de Justiça. O Tribunal de Justiça do Piauí deu o aval para a abertura da ofensiva.