O governo avalia antecipar o anúncio de um novo nome para o comando do Banco Central. A indicação vem com o objetivo de jogar expectativas econômicas para o futuro, conforme afirmou o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT), nesta última terça-feira (6).
Mesmo com a indicação, Roberto Campos Neto segue na presidência do BC até o fim do ano, mas a estratégia aponta uma divisão de atenções.
“Hoje, todo mundo no BC, mesmo quem está na direção, pelo que ouço, acha melhor indicar. Porque um Banco Central trabalha com expectativa de futuro. Quem está ali vai sair, por assim dizer, não sabe quem vai entrar. Então eu sigo quem? Se ele fizer a indicação, as pessoas vão ver a palavra deste aqui”, afirmou Jaques Wagner.
A declaração veio após uma série de críticas da base governista ao possível aumento da taxa básica de juros, a Selic, conforme sugerido em ata do Comitê Político Monetário (Copom) nesta semana. Atualmente, a taxa está em 10,50% ao ano, mas há possibilidade de revisão para manter a meta da inflação.
A situação em relação aos juros tem sido um alvo de embates entre o Executivo e Campos Neto desde o início do mandato do presidente Lula (PT). O governo defende uma redução da Selic, enquanto o BC mantém as perspectivas associadas ao mercado. Campos Neto foi indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), mas segue no comando pela duração do mandato.
Mesmo que o governo indique o nome, ainda é necessário conseguir o aval do Senado e passar por uma sabatina – onde parlamentares apresentam questionamentos para avaliar a competência ao cargo. Mesmo se o processo também for antecipado, a troca só será confirmada no ano que vem.