Um dia antes de visitar o Mato Grosso do Sul para avaliar o trabalho de combate a incêndios e o Mato Grosso para acompanhar entregas conectadas à infraestrutura e ao setor habitacional, o presidente Lula da Silva (PT) recebeu no Palácio do Planalto nesta terça-feira, 30 de julho, uma equipe da TV Centro América, da Rede Matogrossense de Comunicação.
Temos quase cinco milhões de propriedades brasileiras com menos de 100 hectares. Nelas se produz praticamente 80% do alimento que vai à mesa do brasileiro. Temos que tratar o agronegócio com respeito, porque além de ele produzir coisas importantes, exporta muito. E temos que valorizar o pequeno e o médio proprietário rural porque eles estão cuidando da comida que vai na panela da nossa casa”
Lula da Silva, presidente da República
Na conversa com a jornalista Eunice Ramos, Lula afirmou que o Governo Federal atua intensamente para combater incêndios, desmatamento e garimpo ilegal. Ressaltou que haverá investimentos para fortalecer a construção de ferrovias no país para apoiar a logística da produção agrícola. Enfatizou que é preciso apoiar cada vez mais os pequenos e médios produtores e, ao ser indagado sobre o papel do país no processo de transição energética, resumiu: “A transição energética é uma oportunidade para o Brasil se transformar no celeiro do mundo em produção de energia renovável”.
Lula sobrevoa nesta quarta-feira (31), na região de Corumbá (MS), áreas atingidas pelo fogo e, depois, participa em Cuiabá (MT) da inauguração da modernização de quatro aeroportos do estado e da entrega de mil unidades do Minha Casa, Minha Vida.
Confira algumas das principais respostas do presidente:
GARIMPO ILEGAL – O território brasileiro é muito grande. Quando a gente fala de Roraima, está falando de um espaço maior do que Portugal. A gente consegue destruir um monte de coisas: já destruiu helicóptero, avião, barco, tudo que a gente já destruiu e eles voltam na semana seguinte. É uma coisa sem trégua. A gente está fortalecendo a Polícia Federal. Criamos uma base da Polícia Federal na região da Amazônia, que é para que a gente possa cuidar disso com prioridade. Porque não é só combater o garimpo, é combater o crime organizado, o contrabando de armas, o tráfico de drogas.
SEGURANÇA PÚBLICA – Estou convocando a reunião do Ministério da Justiça com os outros ministros que foram governadores de estado. Eu quero, com o Lewandowski (Ricardo Lewandowski, ministro da Justiça), discutir a experiência dessas pessoas nos estados. A partir desse esboço, a gente vai convocar uma reunião com os 27 governadores. Porque temos que pactuar. Qual é o papel do Governo Federal? Qual é o papel do governo estadual? Onde vão entrar as Forças Armadas, onde vai entrar a Polícia Nacional, onde vai entrar a Polícia Federal? Porque tudo tem que ser combinado. A Polícia Federal não pode entrar no estado para resolver crime estadual. Queremos acertar qual será o papel.
FERROVIAS – Primeiro colocamos no PAC um certo privilégio à construção de ferrovias. Estamos para terminar a Leste-Oeste, estamos para terminar a Transnordestina, e queremos que a Leste-Oeste ligue com a Norte-Sul, para que a gente possa ter uma espécie de espinha de peixe carregando os produtos que a gente fabrica. E também a ideia de fazer um porto na região para que os produtos do Mato Grosso e do Mato Grosso Sul possam chegar mais rápido a uma barça ou a um navio para atravessar o Atlântico.
PLANO SAFRA – Foi exatamente nos governos do PT, comigo ou com a Dilma, que a gente fez o mais importante Plano Safra da história deste país para atender o agronegócio e para a agricultura familiar. As pessoas se esquecem de que em 2008 eu fiz uma medida provisória que discutiu a securitização. Foram quase R$ 500 bilhões para a agricultura brasileira. O Brasil necessita de agricultura forte e pujante. Eu tenho orgulho da nossa agricultura. Os agricultores brasileiros, sejam pequenos, grandes ou médios, nunca tiveram tanto recurso como no governo do PT.
PEQUENOS PRODUTORES – Temos quase 5 milhões de propriedades brasileiras com menos de 100 hectares. Nelas se produz praticamente 80% do alimento que vai à mesa do brasileiro. Temos que tratar o agronegócio com respeito, porque além de ele produzir coisas importantes, exporta muito. E temos que valorizar o pequeno e o médio proprietário rural porque eles estão cuidando da comida que vai na panela da sua casa.
TRANSIÇÃO ENERGÉTICA – A transição energética é uma oportunidade para o Brasil se transformar no celeiro do mundo em produção de energia renovável. O Brasil já é o país que mais tem energia renovável. Da nossa energia elétrica, 87% é renovável. E do restante da energia nós temos 50%. Enquanto o resto do mundo tem 15%. Agora, com a transição energética, com a gente tendo possibilidade de fomentar a produção de eólica, solar, biomassa, etanol, biodiesel e hidrogênio verde, o Brasil será um atrativo extraordinário para que empresas que queiram produzir com energia limpa venham para cá.
PETRÓLEO – Não vamos abandonar o petróleo. A Petrobras é uma grande empresa. Nós temos petróleo. O mundo ainda vai precisar de petróleo. Hoje temos 15% de biodiesel no óleo diesel e 30% de etanol na gasolina. O Brasil possivelmente seja o único país do mundo que poderia mitigar isso. Agora, o petróleo é uma riqueza que precisamos usar o dinheiro para criar a transição energética. E a Petrobras tem que participar disso. O mundo vai precisar de petróleo por muito tempo ainda.