O presidente Jair Bolsonaro disse na noite de domingo, 26, em entrevista à rede de televisão Record que a sua relação com o Congresso está boa, mas não tem falado o quanto gostaria com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre. “Temos conversado, talvez não na frequência que queiramos”, disse ele. “Tudo o que eu falo se transforma em uma tsunami contra o Parlamento. Eu não quero brigar com o Parlamento e acho que nem o Parlamento comigo”, disse ele ao falar de seu jeito de fazer política, que não contempla distribuição de cargos a políticos.
Para Bolsonaro, o próprio Congresso parece também não querer mais esta forma antiga de se fazer política. No domingo, o Centrão (do qual o DEM, partido de Maia e Alcolumbre, faz parte) foi alvo de protestos pró-governo em pelo menos 154 cidades do País. “Maia é um pessoa importante. Vou conversar com ele na semana, bem como com o Davi Alcolumbre”, disse Bolsonaro, ressaltando que é preciso que os poderes em Brasília conversem um pouco mais. “Eu, Alcolumbre, Maia e o Dias Toffoli (presidente do Supremo Tribunal Federal), estamos em harmonia. Não estamos em litígio”.
Bolsonaro disse que conversou no Paraná com membros do partido que formam o Centrão e que os parlamentares não gostam de serem rotulados com esse nome. “Eles me falaram que esse rótulo não está pegando bem. Esse nome virou um palavrão”.
O presidente afirmou que só teve dois parlamentares pedindo ministérios até agora, mas não de partidos do Centrão. Questionado sobre a tramitação da proposta de reforma tributária de autoria do próprio Congresso, Bolsonaro disse não ver problema no fato de o texto não ser o do Planalto. “Eu não quero ter a paternidade de nada. Se alguém quiser ser o pai da criança, vá ser”, “Precisamos destravar nossa economia”, disse Bolsonaro.
“Se não enfrentar a questão da previdência rápido, Brasil pode sucumbir economicamente”, afirmou. Para ele, conversar individualmente com cada parlamentar sobre a reforma da Previdência não é uma boa prática, pois é mais “praia” do Maia. “Tenho recebido o que posso de parlamentares no meu gabinete.” Sobre a permanência do ministro da Economia, Paulo Guedes, no cargo, conforme declarou o ministro à revista Veja, Bolsonaro disse: “se o Brasil economicamente naufragar, acaba a função dele”.
“Ele vai administrar o quê?”, disse Bolsonaro ao falar do cenário de não aprovação da reforma. Perguntado sobre prazos, ele preferiu não falar em datas para a aprovação. Como mostrou o BR18, Bolsonaro ainda tentou recuar da expressão “idiotas úteis”, usada por ele para descrever os participantes do protestos contra os cortes na Educação há duas semanas. “Eu exagerei”, disse.
“O correto seria inocentes úteis”. Para ele, estudantes foram instrumentalizados por “professores inescrupulosos” para se manifestar contra cortes que, segundo ele, não ocorreram. Ele afirmou que os jovens devem ter “cuidado” para não serem influenciados por esses professores – “uma minoria”, segundo ele.