domingo 6 de outubro de 2024
Foto: Divulgação
Home / ELEIÇÕES 2024 / ‘Há uma rejeição muito grande’, diz vereador sobre Geraldo Júnior
segunda-feira 8 de julho de 2024 às 06:34h

‘Há uma rejeição muito grande’, diz vereador sobre Geraldo Júnior

ELEIÇÕES 2024, NOTÍCIAS


Em entrevista à Mateus Soares, do jornal Tribuna da Bahia, o vereador Téo Senna (PSDB) falou a respeito da pré-candidatura do vice-governador Geraldo Júnior (MDB) à Prefeitura de Salvador. Hoje, apesar da aliança passada, o emedebista se coloca como principal adversário do prefeito Bruno Reis (União Brasil) na corrida pela reeleição.

Confira a entrevista na íntegra:

Tribuna – Qual a sua avaliação da gestão de Bruno Reis? Quais os pontos positivos e negativos?

Téo Senna – Primeiro, me surpreende o desenvolvimento do trabalho de Bruno Reis. A gente ficava na expectativa de que ninguém pudesse passar o trabalho que ACM Neto fez nos quatro primeiros anos. A gente pensava que não conseguiria realmente suprir o trabalho que Neto fez. Hoje, nos surpreende. Primeiro pelo desenvolvimento do trabalho, a mudança que ele tem feito na cidade, projetos importantes como o Mané Dendê, além do BRT, que se tornou uma realidade, mesmo que inicialmente tem tanta gente votando contra. Hoje é uma realidade. Bruno está mudando a mobilidade de Salvador. A gente fica impressionado com a reconstrução das escolas municipais. Eu falo como professor, não como vereador. É impressionante a construção das escolas novas. A gente vê o modelo da Escola Municipal Clériston Andrade, que é a maior escola municipal de Salvador, pela estrutura que tem sido feita. Então esse é o ponto principal, a reconstrução da cidade. E aí a gente acha interessante o fato de acompanharmos isso o tempo todo. Eu fui com Imbassahy, com João Henrique, com Neto, são muitos anos de mandato, e é impressionante o tratamento que Bruno tem tido com a comunidade, com as pessoas, com os líderes, porque traz o prefeito para dentro da comunidade. A gente sabe que a dificuldade é muito grande nos bairros, então ele vai em qualquer bairro, em qualquer lugar. A acessibilidade é muito grande, a respeitabilidade é muito grande. O carinho que o prefeito Bruno Reis tem é muito grande.

Tribuna – O senhor acha que ele conseguiu imprimir uma marca própria em relação ao ex-prefeito ACM Neto?

Téo Senna – É justamente sintetizando o que estou falando. É uma marca pessoal. A gente ficava preocupado em nunca ninguém poder passar à frente de ACM Neto. Hoje ele conseguiu igualar e melhorar por causa do contato que tem com a população. Isso tem sido importante. Eu caminhei com diversos prefeitos e o trabalho dentro da comunidade a gente tem acompanhado. Hoje, o prefeito da base tem um número de obras muito grande, o que facilita seu trabalho. Isso, por tabela, traz Bruno para poder efetuar essas ações, e a gente fica muito contente com isso.

Tribuna – Em sua avaliação, qual o principal problema da cidade?

Téo Senna – Na realidade, o maior problema da cidade não é de Bruno. O maior problema da cidade é a insegurança. A gente que faz um trabalho nas comunidades, nos bairros, a gente sabe que o tráfico aumentou e cresceu muito. Claro que a Prefeitura tem ajudado muito melhorando a iluminação, melhorando a participação da Guarda Municipal, agilizando o trabalho no Pelourinho como foi feito, mas hoje o maior problema é a questão da segurança. Claro que Salvador é uma cidade diferenciada. Acho que o crescimento da população, o crescimento da construção da cidade de Salvador às vezes consegue fazer uma construção muito irregular em diversos lugares, e a gente não consegue sanar. A Prefeitura não consegue tomar a frente de tudo nesses bairros com essa dificuldade. Esses problemas ocorrem durante as chuvas, o que dificulta toda estrutura da Prefeitura. Esse é um problema que não é de Bruno Reis, é um problema da cidade. Uma cidade de altos e baixos e que tem ocasionado problemas. Mas que a gente tem tentado solucionar. A gente fica contente hoje com as avenidas principais, os locais melhores, os bairros mais carentes, a estrutura de passeios, isso facilita para as pessoas, a reconstrução do programa Morar Melhor tem facilitado em alguns casos, mas a amplitude do problema é muito grande, o crescimento desordenado da cidade.

Tribuna – A manutenção de Ana Paula na vice foi uma decisão correta?

Téo Senna – Eu apoiei isso em todos os momentos. Ana Paula talvez seja uma surpresa muito boa para a cidade e para o próprio estado. Ana Paula chegou como secretária, depois como vice-prefeita, e ela tem conseguido a simpatia e conscientização da importância do trabalho dela na Secretaria Municipal de Saúde. Acho que a Feira da Saúde tem sido uma realidade muito grande e que não acontecia na cidade nos bairros mais carentes, além de tudo, esse compromisso que ela tem e a capacidade de executar as atividades só tem fortalecido. Por mais que alguns partidos que desejam e que queriam participar da vice terminaram aceitando Ana Paula pelo carinho que ela tem com as pessoas, pelo respeito, pela competência de execução das atividades, isso tem fortalecido muito a cidade, porque eu tenho certeza de que o crescimento de Ana Paula vai ser muito grande no meio político. Ela é uma pessoa que não era política, mas que se transformou. É uma qualidade que tem o prefeito ACM Neto e Bruno Reis, de transformar pessoas técnicas em políticas, que eu acho é o mais necessário, transformar pessoas técnicas e competentes em políticas para agilizar a política das pessoas, a política da cidade. Apesar da amizade que ela tem com Bruno, ela mostrou o trabalho dela. Ela tem se dedicado a isso com as pessoas. É impressionante como ela foi secretária de Saúde. A gente não esperava. É impressionante como uma pessoa técnica, que às vezes não é da área, e que consegue executar o trabalho. Foi impressionante como ela conseguiu levar quase todos os vereadores para acompanhar os trabalhos que estavam sendo feitos em todas as ações, em postos, e conseguir mostrar o trabalho sendo feito e a continuidade desse trabalho. A gente fica muito contente pela decisão do prefeito de trazer ela como vice, porque isso vai somar mais para a cidade.

Tribuna – Quais os projetos de sua autoria que o senhor destacaria mais?

Téo Senna – Na realidade, é interessante o exemplo de um projeto que vou citar. O nosso chefe de gabinete, que sempre teve muita saúde, de uma hora para outra sentiu um mal-estar e a gente começou a socorrê-lo para uma UPA. Ele teve problema de câncer. Um problema sério. A gente acompanhou e ele teve que operar. Com essa cirurgia, que graças a Deus deu tudo certo, ele teve que passar a usar um coletor. Daí, conseguimos entender o problema que uma pessoa ostomizada, a dificuldade que essas pessoas passam dentro desse processo todo. Então fizemos um projeto que dispõe de uma adequação de um banheiro para o público ostomizado. Hoje, para trocar o coletor é uma dificuldade muito grande, até na rua. Então fizemos esse projeto. E, também, apresentamos a Política Municipal de Atenção às Pessoas Ostomizadas. Não tinha. Então estamos encaminhando para a Secretaria de Saúde para que possa cuidar e tentar zelar por essas pessoas, que são diversas. São muitas pessoas que precisam utilizar a bolsa coletora. Então esses projetos visam obrigar hospitais públicos e privados, planos, seguradoras para que comuniquem à Secretaria de Saúde sobre a realização desse trabalho. Isso tem sido muito gratificante, primeiro, porque isso aconteceu com o nosso chefe de gabinete e a gente começou a criar e ver essa dificuldade. Esses projetos estão caminhando.

Tribuna – Quantos vereadores o PSDB espera eleger nesse pleito?

Téo Senna – Eu espero que essa eleição eleja os 10 principais. Esse seria um sonho, porque nós conseguimos fazer uma chapa muito importante. Temos 10 vereadores importantes. Temos Carlos Muniz, Cris Correia, Daniel Alves, Téo Senna, Isabela Sousa, Tia Jove, Rodrigo Amaral, Coronel Sturaro, Felipe Lucas, e, também, Dudu Magalhães. Então são 10 candidatos fortes. Eu creio que o PSDB deverá eleger cinco, mas tem um fato interessante nessa eleição. Primeiro, perdemos muitos votos na pandemia, os idosos não votaram, então eu acho que o número vai aumentar neste ano. Além do mais, nós perdemos uma parte de candidatos. Eu espero que esses fatos, não só da pandemia, como o número de vereadores reduzido, a votação possa aumentar e o PSDB chega a seis ou sete vereadores eleitos. Eu espero que aconteça isso. E espero e torço para que eu esteja no meu sexto mandato.

Tribuna – O principal adversário de Bruno é o vice-governador Geraldo Júnior, que presidiu a Câmara Municipal de Salvador. Como o senhor avalia essa mudança de lado dele? O senhor vê alguma competitividade na candidatura dele?

Téo Senna – Competitividade sempre vai ter. Eleição é sempre complicada. É muito injusto a gente verificar um prefeito que tem modificado a cidade, que tem caminhado com projetos tão importantes durante quatro anos, e de repente você aparece faltando três meses fazer um candidato camaleão. É muito injusto esse processo. Eu digo isso com tranquilidade de avaliar. Eu brincava com Geraldo quando ele era suplente de vereador e assumiu, porque Luizinho Sobral foi para a Prefeitura em Irecê, e conseguimos um cargo de vice-líder do governo na época de João Henrique, e conseguiu se movimentar e crescer politicamente. Eu fico brincando dizendo que coloquei nele o nome de Rolando Lero naquela época. Um nome adequado, porque ele conseguia com a palavra, com o jeito, integrar todo mundo. E claro que a eleição pode acontecer sempre em uma disputa, mas eu acho difícil, pelo respeito que Bruno tem tido com a cidade de Salvador, a relação com as pessoas, a gente fica avaliando que é difícil, mas que não vai alcançar. Ficamos triste com a mudança de Geraldo Júnior. Ele acompanhou o tempo todo João Henrique, ACM Neto e Bruno, aprovando todos os projetos interessantes para o governo, fazendo essa defesa muito grande como presidente da Câmara, e de uma hora para outra ele modificou de lado. Se o interesse é pessoal, se o interesse é político, a gente fica questionando isso. Eu fico questionando, porque continuo com a amizade com Geraldo Júnior, com a consideração, mas ficamos muito triste com o posicionamento que ele tomou, principalmente pela mudança de uma hora para a outra.

Tribuna – Houve afastamento entre vocês dois?

Téo Senna – Eu respeito o lado. Eu trato de política há 20 anos e sempre fui coerente. A amizade pessoal continua, continua o respeito, mas eu discordo radicalmente dessa modificação. A gente fica se perguntando o porquê de uma coisa dessa, ele acompanhou o grupo esse tempo todo, aprovou todos os projetos, esteve na cozinha desses candidatos, dos prefeitos, esteve em todos os momentos, e de uma hora para outra modificou. Qual o interesse disso? É interesse político? É um candidato camaleão, com uma mudança de cor de uma hora para outra.

Tribuna – Geraldo inclusive tem tido dificuldades em ter o apoio da esquerda mais fervorosa. O senhor acha que ele vai conseguir ter esse apoio?

Téo Senna – Apesar da vinda de Lula, ela não referencia a candidatura dele aqui. Os eleitores petistas, de esquerda, são característicos. Primeiro eles respeitam os candidatos, eles respeitam as pessoas, e na política a gente não acredita quem muda de lado de uma hora para outra, a gente não acredita nessa política, as pessoas também não. As notícias estão em todos os lugares. O descrédito é muito grande. Como vai ser contra uma coisa que antes era a favor? Como pode falar do meio ambiente de agora, da mudança que tem sido feita em Salvador, do crescimento que tem acontecido? Então o descrédito é muito grande. Eu creio que vai ser uma decepção muito grande para ele. A gente fica até surpreso por uma pessoa conseguir ser vice-governador, ter um cargo desse, e de uma hora para outra vai para uma embaixada dessa. Há uma rejeição muito grande das pessoas e da própria esquerda.

Tribuna – Jerônimo Rodrigues sucedeu um governo que estava de certa forma bem avaliado nas pesquisas. Em sua avaliação, o atual governador está se saindo bem? Qual o principal problema da Bahia?

Téo Senna – Segurança. Talvez Jerônimo não esteja preparado para ser governador. Na realidade, é uma conjuntura de Jaques Wagner, de Rui Costa, da chegada de Lula, modificou e fez essa eleição. A gente fica muito triste por ter perdido ACM Neto como governador no estado da Bahia. A questão da segurança é fundamental. E agora você está vendo, são 16 anos de uma ponte, 16 anos que continua a indefinição. Agora, na eleição, depois do abandono do VLT, que é um quadro triste, dois anos e meio, onde se gastou R$ 50 milhões, hoje, se fez um acordo, comprando os trens no Mato Grosso em um acordo que foi feito na esperança de ver sobressair. Você imagine os ônibus, os trens do Subúrbio, as pessoas pagavam R$ 0,50 centavos, e era o meio de locomoção das pessoas do Subúrbio, a partir que se levou dois anos e meio, gastando R$ 50 milhões, parece que se esqueceu de tudo, porque comprou esses trens. Mas é um ano político. Mas são casos que vem acontecendo e outro caso que a gente fica triste foi o abandono do Centro de Convenções. Um local que ocorriam as convenções, as formaturas, hoje continua abandonado. É uma tristeza. E pode escrever, ele vai se transformar em uma especulação imobiliária. Eu tenho certeza que o Estado vai vender e resolver aquela situação, mas não resolveu até hoje. Então são fatos importantes na cidade. A gente pode ver também a realidade do Colégio Estadual Odorico Tavares, que foi vendido, aquela área acabou. São ações do PT e que estão respingando em Jerônimo. Ele não conseguiu se impor como governador do estado. Além, principalmente, da questão da regulação. É uma tristeza a gente ouvir no dia a dia a dificuldade das pessoas para regular uma pessoa para ir em um hospital. A dificuldade é muito grande.

Veja também

Mais seguidores que eleitores: influenciadores podem desequilibrar uma eleição?

Caso regras sejam desrespeitadas, influencers e candidatos podem pagar multa de até R$ 30 mil …

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

error: Content is protected !!