Aliados de Jair Bolsonaro (PL) afirmam que o ex-presidente vai manter a agenda de viagens na reta final da investigação que apura supostas ilegalidades no recebimento de joias sauditas quando ainda ocupava o Palácio do Planalto. A Polícia Federal apura se Bolsonaro se apropriou indevidamente dos presentes, que teriam sido vendidos no exterior por aliados e posteriormente recomprados quando o episódio veio à tona. As informações são de Gabriel Sabóia. Do jornal, O GLOBO.
O entorno de Bolsonaro diz que ele seguirá cumprindo o roteiro já previsto de deslocamentos pelo país e replicará o discurso de que está sendo injustiçado. A aposta interna no partido é que isto pode até impulsionar votos nos candidatos escolhidos por ele para as prefeituras espalhadas pelo Brasil. A manutenção da agenda do ex-presidente foi confirmada pelo presidente nacional do PL, Valdemar da Costa Neto, e por Fábio Wajngarten, ex-chefe da Secom no governo passado e hoje um dos mais próximos auxiliares de Bolsonaro.
Em depoimento sobre a investigação, Bolsonaro optou por ficar em silêncio. Em outras ocasiões, ele negou ter ordenado a venda de joias, disse que não pediu ou recebeu presentes e reiterou que não há “qualquer ilegalidade”.
O ex-presidente deve ir ao Rio no início do mês que vem para um ato ao lado do seu candidato à prefeitura da capital, Alexandre Ramagem. A realização do evento é articulada pelo senador Flávio Bolsonaro (PL). Ele aproveitará a ida ao estado no qual mantém domicílio eleitoral para visitar cidades do interior fluminense. Na semana passada, ele se reuniu com apoiadores em Goiás. O objetivo do partido é conquistar ao menos mil prefeituras nessas eleições. Valdemar define a possibilidade de indiciamento pela Polícia Federal como “besteira” e reitera que o planejamento do partido será mantido.
— Bolsonaro é respeitado em todo o Brasil, seus eleitores são esclarecidos. Quanto mais insistem em cuidar dessas bobagens, mais ele cresce, veja como é recebido em todos os lugares, bomba em todos os lugares que vai. Isso tudo é bobagem, insistem nessas bobagens — diz.
Em março, por ordem do Tribunal de Contas da União, Bolsonaro devolveu dois kits de joias da Arábia Saudita, além de armas recebidas dos Emirados Árabes. O presidente do Tribunal, ministro Bruno Dantas, afirmou que, “para que um presente possa ser incorporado ao patrimônio pessoal da autoridade, é necessário atender a um binômio: uso personalíssimo, como uma camisa de futebol, e um baixo valor monetário”.
Um terceiro kit de joias sauditas já havia sido apreendido em 2021 pela Receita Federal no Aeroporto de Guarulhos (SP).