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sexta-feira 14 de junho de 2024 às 06:35h

Líder do governo busca Planalto para se explicar por fala crítica a Lula

NOTÍCIAS, POLÍTICA


O líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), procurou o Palácio do Planalto para se justificar sobre as críticas que foram feitas durante um evento virtual do PT.

Como a Folha revelou, o parlamentar participou de um encontro da principal corrente interna do PT, a CNB (Construindo um Novo Brasil), em que fez diversas críticas ao governo, à base aliada e apontou principalmente a ausência de “comando político mais estrategicamente centralizado”.

A Presidência da República foi procurada, mas não se manifestou até a publicação desta reportagem.

Procurado, o líder do governo diz que a relação dele com os parlamentares é de respeito e que continuará trabalhando para ajudar o presidente Lula (PT) na aprovação das matérias de interesse do Executivo. Ele também defende uma pactuação com representantes dos partidos da base aliada para reforçar a articulação política.

“Acho que tudo tem que ser repactuado com os partidos que têm presença na Esplanada, com os presidentes dessas legendas e com os líderes partidários para uma maior coesão interna”, afirmou.

O evento da corrente interna do PT foi realizado na terça-feira (11). Em sua fala, Guimarães disse que falta à gestão Lula 3 “comando político mais estrategicamente centralizado” na relação com sociedade, Congresso, estados e municípios.

Ele também afirmou que fazer a articulação política do governo na Casa lhe tira o sono, “por conta da tensão, da faca no pescoço” e disse que há um “não comprometimento” dos partidos da base.

Segundo auxiliares palacianos, Guimarães procurou na própria terça o ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais), responsável pela articulação política do governo no Congresso, para se justificar pelas declarações e deixar claro que suas falas não eram direcionadas à pasta comandada por ele.

Integrantes do governo Lula buscaram minimizar as declarações do líder do governo na Câmara, afirmando que elas não eram direcionadas a ninguém em específico e que, inclusive, eram pontos já discutidos em reuniões internas.

Por outro lado, há a visão de que o vazamento das declarações tiveram um caráter de “fogo amigo” e tiveram o objetivo de desgastar o próprio José Guimarães, colocando o líder em rota de colisão com o Planalto.

Em momentos de crise, em particular após derrotas do governo na Câmara, costuma circular nos bastidores do Congresso a informação de que Guimarães busca substituir Alexandre Padilha na Secretaria de Relações Institucionais, para melhorar a articulação política.

Um integrante do primeiro escalão do governo, destoando da tentativa do Planalto de minimizar o fato, afirma que as declarações de Guimarães estão inseridas neste contexto.

Eventual substituição de Padilha, no entanto, está fora do radar, segundo pessoas próximas ao presidente.

Guimarães também conversou com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Segundo relatos, ele minimizou as declarações e disse que não foram críticas direcionadas aos líderes da Casa.

Apesar disso, a fala de Guimarães na reunião interna do PT gerou ruído entre lideranças na Câmara. Dois líderes afirmaram que as críticas de falta de centralidade da articulação política já são temas de conversas reservadas, mas avaliam que Guimarães gera um novo desgaste ao citar a falta de comprometimento da base.

Nas palavras de um cardeal do centrão, o deputado critica os partidos da base, mas não reconhece que o próprio trabalho dele pode ser alvo de queixas, ao tentar jogar a responsabilidade das derrotas do Executivo para os líderes. Outro parlamentar do grupo vai além e afirma que o centrão tem contribuído mais do que o próprio PT em algumas matérias de interesse do Executivo.

A articulação política e as lideranças do governo no Congresso Nacional entraram no foco de críticas na Esplanada dos Ministérios e entre aliados, após a sequência de derrotas em votações. Os deputados e senadores derrubaram vetos presidenciais em sessão do Congresso no fim de maio, entre eles à chamada “saidinha” de presos.

Nesta semana, o governo teve novas derrotas, com o avanço de pautas que são combatidas pela esquerda, como a proposta que equipara a pena pelo aborto após a 22ª semana de gestação com o homicídio e a PEC (proposta de emenda à Constituição) das Drogas, que foi aprovada na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça).

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