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Presidente Lula em evento no Palácio do Planalto — Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo.
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domingo 9 de junho de 2024 às 13:34h

Aliados veem Lula mais impaciente para ‘rituais’ políticos e apontam impacto com Congresso

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Em seu terceiro mandato, o presidente Lula da Silva (PT) tem deixado transparecer uma falta de paciência incomum para as rotinas do dia a dia do governo e para os rituais da política, de acordo com a percepção de aliados históricos do líder petista. A avaliação é que essa postura tem se refletido nas dificuldades na relação com o Congresso, que ficaram evidentes mais uma vez em série de derrotas no Congresso.

Ao contrário do que fazia na sua passagem pelo Planalto entre 2003 e 2010, Lula tem evitado almoços e jantares com parlamentares. Também frequentes nos dois primeiros mandatos, os happy hours com políticos hoje são raros. Até os jogos de futebol e churrascos na Granja do Torto foram deixados de lado.

O líder petista, ainda segundo aliados, também mostra menos disposição para levar deputados e senadores em suas viagens pelo país, outra prática que adotava no passado. Em 15 de maio, por exemplo, Lula foi ao Rio Grande do Sul para anunciar medidas para amenizar o impacto da tragédia provocada pelas chuvas, mas os congressistas do estado não embarcaram no avião presidencial com ele.

Recuo pontual

Praxe nos dois primeiros mandatos, a reunião de coordenação política às segundas-feiras para planejar as ações da semana havia sido descartada pelo petista e só foi retomada agora, diante das incertezas na relação com o Parlamento. Segundo integrantes do governo, numa decisão pouco compreendida inclusive pelos mais próximos, Lula se negava a seguir essa rotina.

Questionada sobre os relatos de impaciência de Lula para as costuras políticas, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom) disse que não comentaria.

Assim como aconteceu em outros momentos em que as dificuldades do governo no Congresso ficaram mais evidentes, Lula anunciou a auxiliares que pretende agora se dedicar mais à articulação política. Mas o movimento é visto com ceticismo no Planalto, justamente porque ao longo deste terceiro mandato o presidente já havia assumido esse compromisso outra vezes.

Entre o fim de fevereiro e o começo de março, Lula organizou dois happy hours no Palácio da Alvorada, um para lideranças de partidos da base do Senado e outro para lideranças da Câmara. A promessa, na ocasião, era tornar esse tipo de encontro frequente, mas isso não aconteceu.

Na avaliação de um ministro de mandatos anteriores, Lula melhoraria a boa vontade do Congresso em relação ao governo se reservasse um tempo para “dar carinho” aos políticos. Mesmo que, aos 78 anos, não tivesse disposição para esticar a noite em jantares, poderia receber os parlamentares para conversas no próprio Palácio do Planalto, na opinião desse ex-auxiliar.

Nas palavras de um outro aliado, na comparação com os seus dois primeiros mandatos, Lula agora abandonou a política e tem se dedicado a maior parte do tempo às atividades institucionais da Presidência.

Em novembro de 2004, no segundo ano da primeira passagem de Lula pelo Planalto, o PMDB, maior partido aliado do PT, ameaçava deixar a base. O presidente, então, em um espaço de cinco dias, participou de um jantar com a bancada de senadores do partido e de um almoço com a bancada de deputados. Houve disputas internas, mas, ao fim, o apoio ao governo foi mantido.

Amigo e um dos principais conselheiros de Lula, o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), disse em entrevista ao jornal O Globo, que, “evidentemente”, o Lula dos mandatos anteriores era outro:

—Ele passou um ano e pouco preso, viu gente comemorar a morte da esposa (Marisa Letícia, ex-primeira-dama, em 2017)… O cara tem alma, não é de ferro.

A falta de paciência tem feito com que aliados coloquem em dúvida a disposição do presidente de concorrer à reeleição. O sentimento de que o petista não tentará um quarto mandato cresceu, nos últimos meses, no círculo mais próximo do presidente, apesar de Lula, quando questionado, reafirmar a intenção de estar novamente nas urnas e destacar o seu bom estado de saúde.

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