Uma área com aproximadamente dois milhões de hectares (o mesmo que quase dois milhões de campos de futebol) passará a contar com uma gestão territorial participativa e ambientalmente adequada para preservar e potencializar a floresta de Mata Atlântica e seu ecossistema existente no extremo sul da Bahia e norte do Espírito Santo.
Nessa área, com abrangência de 18 municípios (14 baianos e quatro capixabas), será implementado o Bosque Modelo da Hileia Baiana, cuja criação foi aprovada pela Rede Ibero-Americana de Bosques Modelos (RIABM), em reunião realizada na última sexta-feira, dia 17, na cidade de Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia. A proposta de implementação do Bosque foi apresentada à Rede pelo Serviço Florestal Brasileiro (SFB) e pelo Ministério Público estadual, representado pelo promotor de Justiça Ambiental Regional de Teixeira de Freitas, Fábio Corrêa.
Segundo o promotor, com a aprovação, o próximo passo é a elaboração do regimento interno do Bosque Modelo e a busca de parceiros para a formatação de sua gestão, que, provavelmente, será realizada por meio de um conselho. Fábio Corrêa explicou que o processo de criação do Bosque foi iniciado no ano passado com uma apresentação do Programa Arboretum de Conservação e Restauração da Diversidade Florestal, em reunião da RIABM na cidade de Antigua, Guatemala. O Programa Arboretum é desenvolvido pelo MP, pela SFB e outras instituições no extremo sul da Bahia. Em dezembro de 2018, representantes da Rede Internacional e Ibero-americana realizaram uma visita em Teixeira de Freitas e região, recomendando a aprovação da proposta.
“O Bosque Modelo tem a intenção de realizar uma gestão territorial ambientalmente adequada dentro do conceito de paisagem. Foi aproveitada a abrangência de atuação do Programa Arboretum, tanto no extremo sul da Bahia como no norte do Espírito Santo, para o desenvolvimento de ações voltadas a um desenvolvimento sustentável das atividades realizadas, a exemplo do eucalipto, da pecuária, da cana-de-açúcar e outras culturas. A região entra agora no mapa internacional de troca de experiência e conhecimento, que muito vai agregar à defesa do meio ambiente”, afirmou o promotor.
Conforme Fábio Corrêa, o conceito de Bosque Modelo surgiu na década de 1990, no Canadá, para prevenir conflitos socioambientais envolvendo o manejo de florestas nativas e comunidades afetadas. Após a sua apresentação na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (Rio-92) foi criada uma rede internacional com o intuito de facilitar o intercâmbio de conhecimento e experiências.