“Não posso me dar ao luxo de me incomodar com maldades que se referem ao meu físico. Mas é sempre um alerta. Falam e falam sobre mulheres neste desnível. E vai piorar. Eleições estão à porta.”
Foi com esse diagnóstico resoluto que a ministra Cármen Lúcia, do Supremo e do Tribunal Superior Eleitoral, reagiu ao ser abordada com solidariedade por colegas que haviam constatado, nas redes e na imprensa, mais uma onda de ataques misóginos contra a magistrada.
Mineira, amante de literatura, Cármen Lúcia é uma adepta da tese de que o exemplo arrasta. Integrantes de seu gabinete relatam que a ministra não deixa de dar expediente nem diante do luto. Perdeu familiares ao longo dos anos, mas nem nesses dias deixou de trabalhar.
A ministra assume hoje a presidência do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) diante de desafio inédito. Será a primeira eleição, num país absolutamente polarizado, com inteligência artificial à espreita e uma batalha ainda pendente contra as fake news.
“O que posso dizer é que, parafraseando Drummond, não serei juíza de um mundo caduco. Mudam-se os modos, garantem-se os princípios da democracia”, disse nesta segunda-feira (3) a ministra ao blog da Daniela Lima em fevereiro, ao comentar iniciativas para regulamentar o uso da inteligência artificial nas eleições.
Cármen Lúcia é considerada rígida entre os próprios pares. “Sabedoria, firmeza e sensibilidade são alguns dos inúmeros predicados da Ministra Cármen Lúcia, cuja nova presidência no TSE é a certeza de eleições livres, seguras e transparentes, com a garantia do fortalecimento de nossa Democracia”, declarou o ministro Alexandre de Moraes ao blog.
“É uma grande honra poder transmitir o cargo à essa magistrada exemplar e incrível pessoa”, concluiu.