Agentes revistaram escritórios de ex-assistente do eurodeputado Maximilian Krah, do partido alemão de ultradireita AfD. Autoridades apuram se políticos do bloco receberam propina para promover interesses russos.Investigadores franceses e belgas realizaram nesta quarta-feira (29) ações de busca e apreensão em escritórios de um funcionário do Parlamento Europeu em Bruxelas e em Estrasburgo, no escopo de uma investigação que apura suspeitas de que políticos da União Europeia teriam recebido propina da Rússia.
O alvo desta quarta é um ex-chefe de gabinete de Maximilian Krah, eurodeputado pelo partido alemão de ultradireita Alternativa para a Alemanha (AfD) e principal candidato da sigla nas eleições europeias, que serão realizadas de 6 a 9 de junho. Atualmente, o suspeito trabalha para o eurodeputado holandês Marcel de Graaff, do partido de direita e anti-imigração Fórum pela Democracia.
“As buscas são parte de um processo por interferência, corrupção passiva e participação em uma organização criminosa e estão relacionadas a indícios de interferência russa”, declarou a Procuradoria da Bélgica.
Via X (ex-Twitter), Graaff se disse surpreso com a operação e negou envolvimento “em qualquer operação russa de desinformação”.
Uma das hipóteses dos investigadores é que o site Voice of Europe tenha sido usado pela Rússia como plataforma de propaganda, com o apoio de políticos europeus que, em troca, eram recompensados com dinheiro. A União Europeia, que baniu o site, acusa-o de promover uma “campanha sistemática e internacional de manipulação midiática e distorção de fatos para desestabilizar a Ucrânia, a União Europeia e seus países-membros”.
Segundo o primeiro-ministro da Bélgica, Alexander De Croo, essa atuação visava eleger mais políticos favoráveis a Moscou e reforçar “uma certa narrativa pró-Rússia” no Parlamento Europeu.
Sequência de escândalos
Na Alemanha, autoridades apuram suspeitas de que Krah tenha recebido propina da China e da Rússia – o parlamentar nega. Ele também sofreu um abalo recente em sua imagem por causa de uma declaração a um jornal italiano em que minimizou o grau de criminalidade da SS, a mais sanguinária organização paramilitar nazista.
Um dos funcionários de longa data de Krah é suspeito de ter atuado para o serviço secreto chinês. Ao interceptarem conversas dele, autoridades chegaram a um segundo funcionário, que foi o alvo das buscas nesta quarta, e que teria entregue 20 mil euros (R$ 112,5 mil) ao eurodeputado. Krah não nega o pagamento, mas diz que se trata de uma “circunstância meramente privada”.